terça-feira, 20 de novembro de 2007

CONFIANÇA

A evolução do João é notória. Todo o trabalho ganha agora outra dimensão. Mas saber que pode existir uma regressão... por um lado dá-me força para não parar; por outro sinto-me apavorada com essa hipótese. Claro que me agarro ao que é positivo.

O João diferencia:
Meu - Teu
Ouvir o João é uma enorme alegria. Embora tenha consciência que muitas vezes a sua fala é repetição de frases ouvidas - ecolália. Muitas vezes é evidente, pois são frases fora do contexto, mas outras vezes não.

É muito engraçado ouvir:
- Não mexas nisso!
- Vamos ao parque?
São frases que ele ouve em casa, na escola e depois repete.

Sabemos que é um trabalho contínuo. Gostava que algumas pessoas entendessem que o meu papel como mãe e pai é primordial.

Sou cobarde, é verdade. Mas nesta situação tento arranjar a coragem necessária para continuar a trabalhar. Mas sózinha jamais conseguiria.

As pessoas que acompanham o João, que lêem este blog, têm um papel fundamental na minha vida.
São muitas as vezes que questiono o meu trabalho, e essas pessoas ajudam-me a restaurar a minha confiança.

Com o tempo vou sentindo-me mais segura.

Consigo identificar as necessidades do João. Identificar o que gosta, identificar as suas frustações. Aprendemos a lidar e respeitar as suas rotinas, o que permite um clima de segurança e felicidade.

Cada criança é uma criança.
Neste momento, considero todo o comportamento do João suportável. E é muito positivo, porque não seria possivel dizer isto à uns tempos atrás. Por vezes é dificil, extenuante, mas olho para o João e vejo uma criança linda..

... com muita força e coragem!

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá.
Acabei agora mesmo de bater com os olhos na experiência descrita pela mãe do João. Sou terapeuta de fala e procurava informação que me permitisse melhorar o meu trabalho com uma garota do especto do autismo.Apesar dos meus 23 anos de experiência, acho que nunca sei o suficiente acerca destas crianças. Não sei se aquilo que lhe vou transmitir não a fragilizará mais, mas saiba que não existe ninguém que saiba demais sobre estes meninos: eles são autênticas caixinhas de surpresas e, mesmo nos casos mais complicados, já assisti a verdadeiras viragens a 180 graus. Infelizmente, o contrário também se pode manifestar. De qualquer das formas, saiba que os técnicos também sofrem, ainda que o não possam, por razões deontológicas, transmitir às famílias. Muita sorte para o João e para a sua mãe.