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quarta-feira, 20 de maio de 2009
terça-feira, 19 de maio de 2009
Sentimentos
Muitos sentimentos têm passado por este tempo.
Por isso a ausência e o silêncio – a reflexão e o tempo de aceitação.
As expectativas são sempre muitas. Os objectivos traçados talvez sejam demasiado altos... e aqui entra um sentimento de frustração, quando esses objectivos não são alcançados. Não são alcançadas da maneira que eu tinha planeado...
Com a frustração, parece que tudo fica abalado... tudo foi em vão... começa a colocar-se em causa toda a minha confiança.
A acompanhar a frustração vem a angústia, que se traduz na alteração do meu comportamento diário – falta de humor, insegurança, ressentimento – DOR.
A ansiedade aumenta, a sensação de vazio, um aperto no coração – MEDO.
Todos estes sentimentos fazem perder-me a minha auto-estima, começa a ficar em causa se estou no caminho certo... e... será que vale a pena continuar?
A tristeza tem estado muito presente nestes dias... desânimo... frustração... – DESILUSÃO.
Sei que o João não é a única criança do Mundo com perturbações no desenvolvimento ... não somos a única família no Mundo a viver e a sobreviver a esta luta diária... mas é suposto ficar mais tranquila por isso?
A última Consulta de Desenvolvimento do João empurrou-me para o caminho que eu não quero seguir. Não era esse o meu objectivo. Mas não posso colocar em causa a avaliação, a orientação terapêutica e educacional com que sou confrontada.
Constantemente sou encostada à parede... chamada à realidade! Tenho de aceitar que o João é uma criança que precisa de apoio. Tem necessidades especiais. Só aceitando a necessidade dessas necessidades é que conseguirei que o João se desenvolva e se realize.
... Eu pensei que já tinha aceite... por isso dou tudo o que sei, e tento da melhor maneira criar um ambiente estável e harmonioso, não permitindo que ninguém o destabilize emocionalmente, de forma a evitar angustias que possam perturbar mais ainda o seu desenvolvimento normal.
É um desafio constante... situações difíceis... que muitos que estarão a ler este post, sabem e sentem perfeitamente aquilo que escrevo.
Reconheço, que por vezes tenho excesso de zelo, de protecção... o que acaba por ser contraditório no meu percurso de luta. Pois se por um lado luto para que no futuro consiga ser independente, ter capacidade de resolver os seus próprios problemas e tomar decisões - com o excesso de protecção apenas o quero proteger de que sinta de alguma forma um sentimento de fracasso e rejeição... o que não potencia em nada a sua independência – nem emocional, nem social.
Mas pelos vistos, todos os meus objectivos traçados para o João, tanto a nível académico, como social, estão muito acima daquilo que ele neste momento está preparado para enfrentar.
Sem dúvida que exijo o João integrado na escola regular. Mas nunca pus a hipótese de frequentar a escola regular com ensino estruturado. A necessidade de ser integrado dessa forma...
... é o que tenho feito durante este tempo... reflectindo em todo o meu percurso e aceitar dentro de mim mesma esta necessidade. Deixar de pensar e sentir com coração de mãe, mas conseguir, de forma isenta, o que é o melhor para o João, e não nas expectativas que criei, objectivos que tracei... ultrapassar o preconceito que criei dentro de mim mesma.
As unidades de Ensino Estruturado foram criadas com objectivos muito específicos, e foi uma luta para muitos conseguirem isso. Não posso voltar costas a todo esse trabalho e conquista que essas pessoas conseguiram.
* O objectivo é muito simples: qualidade de ensino para estas crianças!
Concluindo, e por isso aqui estou hoje a escrever:
Há dias em que nos sentimos cheios de força, capazes de enfrentar qualquer batalha, qualquer adversário. Há dias, em que, por muito cinzento que esteja a ser o nosso dia, temos sempre um sorriso. Existem momentos em que temos coragem para apostar tudo... no que queremos, no que desejamos, no que ACREDITAMOS. Mesmo que nos digam “Não é possível!” ... mas mesmo assim vamos em frente! Trocamos o certo pelo incerto, a razão pela emoção. Erguemo-nos de coragem, seguimos de cabeça levantada, olhos nos olhos, com o coração sempre a bater cada vez mais forte... mas enfrentamos tudo e todos!
Mas em qualquer guerra, qualquer luta, existe um derrotado... e durante este tempo, senti que tinha sido eu...
Nunca abandonei a luta, sempre com esperança da vitória. Apenas o meu sonho, a minha conquista, a minha vitória é que tinham importância.
Nesta consulta, senti que me tiraram a espada... e fiquei sem defesa...
Durante estes dias, senti-me fraca, incapaz e cansada.
Tive a noção que tinha perdido... que perdi tudo...
A coragem estava a ir embora... e senti-me durante estes dias numa solidão escura, incapaz de levantar a cabeça, com o coração e alma demasiado triste... – fazendo afastar-me de tudo e de todos...
Mas o tempo... o tempo cura todos os males!
Mais uma vez, pesquisando, falando com quem sabe (obrigada querida Ana, obrigada querida Rosa, obrigada querida Maria Clara), cheguei à pequenina conclusão: apenas tenho de ter um sentimento dentro de mim – ORGULHO.
Apenas tenho que me sentir orgulhosa por todo o trabalho realizado até aqui, por todos, e orgulhosa pelo menino maravilhoso que o João é.
Orgulho-me não do meu próprio trabalho, mas pelas conquistas do João, estejam elas ou não, dentro dos objectivos que tinha inicialmente traçado.
Por isso a ausência e o silêncio – a reflexão e o tempo de aceitação.
As expectativas são sempre muitas. Os objectivos traçados talvez sejam demasiado altos... e aqui entra um sentimento de frustração, quando esses objectivos não são alcançados. Não são alcançadas da maneira que eu tinha planeado...
Com a frustração, parece que tudo fica abalado... tudo foi em vão... começa a colocar-se em causa toda a minha confiança.
A acompanhar a frustração vem a angústia, que se traduz na alteração do meu comportamento diário – falta de humor, insegurança, ressentimento – DOR.
A ansiedade aumenta, a sensação de vazio, um aperto no coração – MEDO.
Todos estes sentimentos fazem perder-me a minha auto-estima, começa a ficar em causa se estou no caminho certo... e... será que vale a pena continuar?
A tristeza tem estado muito presente nestes dias... desânimo... frustração... – DESILUSÃO.
Sei que o João não é a única criança do Mundo com perturbações no desenvolvimento ... não somos a única família no Mundo a viver e a sobreviver a esta luta diária... mas é suposto ficar mais tranquila por isso?
A minha grande luta durante este tempo todo, é integrar o João na sociedade sem diferenças...
A última Consulta de Desenvolvimento do João empurrou-me para o caminho que eu não quero seguir. Não era esse o meu objectivo. Mas não posso colocar em causa a avaliação, a orientação terapêutica e educacional com que sou confrontada.
Constantemente sou encostada à parede... chamada à realidade! Tenho de aceitar que o João é uma criança que precisa de apoio. Tem necessidades especiais. Só aceitando a necessidade dessas necessidades é que conseguirei que o João se desenvolva e se realize.
... Eu pensei que já tinha aceite... por isso dou tudo o que sei, e tento da melhor maneira criar um ambiente estável e harmonioso, não permitindo que ninguém o destabilize emocionalmente, de forma a evitar angustias que possam perturbar mais ainda o seu desenvolvimento normal.
É um desafio constante... situações difíceis... que muitos que estarão a ler este post, sabem e sentem perfeitamente aquilo que escrevo.
Reconheço, que por vezes tenho excesso de zelo, de protecção... o que acaba por ser contraditório no meu percurso de luta. Pois se por um lado luto para que no futuro consiga ser independente, ter capacidade de resolver os seus próprios problemas e tomar decisões - com o excesso de protecção apenas o quero proteger de que sinta de alguma forma um sentimento de fracasso e rejeição... o que não potencia em nada a sua independência – nem emocional, nem social.
Mas pelos vistos, todos os meus objectivos traçados para o João, tanto a nível académico, como social, estão muito acima daquilo que ele neste momento está preparado para enfrentar.
Sem dúvida que exijo o João integrado na escola regular. Mas nunca pus a hipótese de frequentar a escola regular com ensino estruturado. A necessidade de ser integrado dessa forma...
... é o que tenho feito durante este tempo... reflectindo em todo o meu percurso e aceitar dentro de mim mesma esta necessidade. Deixar de pensar e sentir com coração de mãe, mas conseguir, de forma isenta, o que é o melhor para o João, e não nas expectativas que criei, objectivos que tracei... ultrapassar o preconceito que criei dentro de mim mesma.
As unidades de Ensino Estruturado foram criadas com objectivos muito específicos, e foi uma luta para muitos conseguirem isso. Não posso voltar costas a todo esse trabalho e conquista que essas pessoas conseguiram.
* O objectivo é muito simples: qualidade de ensino para estas crianças!
Concluindo, e por isso aqui estou hoje a escrever:
Há dias em que nos sentimos cheios de força, capazes de enfrentar qualquer batalha, qualquer adversário. Há dias, em que, por muito cinzento que esteja a ser o nosso dia, temos sempre um sorriso. Existem momentos em que temos coragem para apostar tudo... no que queremos, no que desejamos, no que ACREDITAMOS. Mesmo que nos digam “Não é possível!” ... mas mesmo assim vamos em frente! Trocamos o certo pelo incerto, a razão pela emoção. Erguemo-nos de coragem, seguimos de cabeça levantada, olhos nos olhos, com o coração sempre a bater cada vez mais forte... mas enfrentamos tudo e todos!
Mas em qualquer guerra, qualquer luta, existe um derrotado... e durante este tempo, senti que tinha sido eu...
Nunca abandonei a luta, sempre com esperança da vitória. Apenas o meu sonho, a minha conquista, a minha vitória é que tinham importância.
Nesta consulta, senti que me tiraram a espada... e fiquei sem defesa...
Durante estes dias, senti-me fraca, incapaz e cansada.
Tive a noção que tinha perdido... que perdi tudo...
A coragem estava a ir embora... e senti-me durante estes dias numa solidão escura, incapaz de levantar a cabeça, com o coração e alma demasiado triste... – fazendo afastar-me de tudo e de todos...
Mas o tempo... o tempo cura todos os males!
Mais uma vez, pesquisando, falando com quem sabe (obrigada querida Ana, obrigada querida Rosa, obrigada querida Maria Clara), cheguei à pequenina conclusão: apenas tenho de ter um sentimento dentro de mim – ORGULHO.
Apenas tenho que me sentir orgulhosa por todo o trabalho realizado até aqui, por todos, e orgulhosa pelo menino maravilhoso que o João é.
Orgulho-me não do meu próprio trabalho, mas pelas conquistas do João, estejam elas ou não, dentro dos objectivos que tinha inicialmente traçado.
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