sexta-feira, 14 de agosto de 2009

História Interminável I - FIM

* João agora deu para ouvir as conversas.

Ouviu a minha mãe dizer que eu me tinha esquecido de enviar os documentos de saúde do José para poder entrar no parque de campismo, onde foi passar uns dias com a tia.

E muito indignado com este esquecimento comenta:

- Pois, assim não sabem que ele é autista!


* De férias, o João fala para um menino estrangeiro, mas que nada percebia do que ele lhe dizia. João chegou à brilhante conclusão:

"- Tens de aprender a falar melhor!"


E com esta partilha, vou encerrar o blog.

Vou encerrar o blog, mas não vos deixo... - Continuarei a partilhar os Jogos e as Actividades.

Este é um espaço no qual deixei muito de mim e agradeço a todos os que o visitaram e apoiaram – mas chegou a hora de fechar.

O objectivo foi alcançado. Partilhar (com vontade de partilhar sempre, mais e mais...), dando esperança a todos e mostrar que vale a pena lutar. Não termina aqui a nossa batalha. Não terminam aqui as nossas vitórias.

A nossa caminhada continua. - e continuarei por aqui a seguir a vossa, meus queridos amigos virtuais.

O João cresceu e continua a crescer. Talvez um dia, o João continue ele próprio a relatar as suas conquistas, as suas esperanças, os seus sonhos...

Fecha-se um ciclo e abrem-se novas oportunidades.

Um novo ciclo na vida do João, uma nova fase, novos desafios.

A nossa vida é feita de ciclos. Fecha-se um e começa outro. Será sempre assim, para o bem e para o mal. Para o João esta nova fase será um momento de coragem, existirão um turbilhão de sentimentos, mas ele já provou que é um Guerreiro, e terá coragem e força suficiente para entrar numa nova história. Com que final? Isso nunca se sabe... apenas sabemos que será rica em conquistas, com vários ciclos a que podemos chamar - CRESCER...

Na vida podemos perder com classe qualquer luta, mas venceremos sempre com ousadia.

Deixemo-nos aprender com a Lenda da Ave Fénix.

Se compararmos todos os acontecimentos das nossas vidas com esta lenda, chegaremos à conclusão que tudo na nossa vida segue um ciclo, de nascimento, vivência e morte – alegrias, sucessos, assim como a tristeza, o fracasso, as limitações e sofrimento.

Tenho aprendido que este sofrimento não é em vão. Fortalece-nos e é capaz de nos mostrar uma nova forma de viver.

A Fénix é um animal lindo e fabuloso que simboliza a esperança e a continuidade da vida após a morte... a perpetuação, a ressurreição, a esperança que nunca têm fim. É uma ave revestida de penas vermelhas e douradas, com as cores do sol nascente. Além disso possuía uma voz melodiosa, mas quando a morte se aproximava a voz tornava-se triste. A beleza e a tristeza era tão forte que por vezes causava a morte deles.

Conta a lenda, que apenas podia viver uma Fénix de cada vez. Hesíodo, poeta grego do séc. VIII a.C., afirmou que esta ave vivia 9 vezes o tempo de existência do corvo que tem uma longa vida. Alguns cálculos mencionam até 97200 anos.

Quando Fénix sentia a morte aproximar-se, construía uma pira de ramos de canela, sálvia e mirra e nas próprias chamas morria queimada. A Fénix enquanto é consumida pelo fogo em seu ninho canta canções de funeral para si. Mas das cinzas erguia-se uma nova Fénix, que colocava piedosamente os restos da sua progenitora num ovo de mirra e voava com eles à cidade egípcia de Heliópolis , onde os coloca no Altar do Sol - Estas cinzas tinham o poder de ressuscitar...

Desde o diagnóstico do João que nada na minha vida voltou a ser igual e jamais voltará a ser.

Na verdade, nunca é tarde para nos libertarmos dos velhos medos que nos impedem de concretizar os nossos sonhos. Nada é tão complicado como parece. O mais difícil é começar... Por isso fui á luta com determinação. Com determinação por aquilo que acredito e ensinar os meninos a viverem com esperança e paixão.

Como diz Chaplin:

"...porque o Mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante."

Simplesmente dou o melhor de mim. Em qualquer circunstância, em qualquer ciclo da nossa vida. Não importa se estou doente ou cansada, se der o melhor de mim, não vou existirá forma de me julgar. Se não existe forma de me julgar a mim mesma, não vou ficar exposta à culpa, ao arrependimento e à minha autopunição.

Vivo atormentada em conciliar o meu papel de mulher, mãe e profissional.Sempre que me sinto boa profissional, culpo-me por não ser tão boa mãe como desejaria e vice-versa.

Dou o melhor de mim em cada circunstância e só por isso não pode existir espaço, nem lugar para culpas.

O dia a dia não é feito de festas de champanhe a bordo do Queen Mary. Há problemas que surgem e crises. Inevitavelmente têm de ser superadas! É normal que por vezes os olhos se encham de lágrimas... É HUMANO!

Tempo - Ricos em ensinamentos

Durante este período aprendi que observar os meus meninos é mais rico e compensador para a minha vida do que qualquer outra experiência ou formação.

Existem professores formados em psicologia que sabem tudo da natureza humana e mesmo assim pouco têm para me dizer e/ou ensinar. Os meus meninos não sabem nada, e mesmo assim a vida deles é o meu maior ensinamento e o mais rico do Mundo.

Para eles cada dia é diferente do outro. O dia anterior foi o dia anterior, e não faz mais parte do passado. O novo dia é tudo o que lhes importa! Do dia anterior a única coisa que fica é o que aprendeu e mesmo assim não sabem disso. Pela frente existem situações novas, como se realmente fossem novas e dedicam-se a ela toda a sua energia e experiência acumulada.

Os erros que cometeram no dia anterior não se lembram mais. Apenas já sabem o que é errado, embora não se lembre como aprendeu isso. O importante é que já sabem como não devem fazer um coisa que já fizeram erradamente antes.

A capacidade que têm de não deixar para resolver depois. Tudo tem de ser solucionado naquele momento. Solucionado o problema, imediatamente é descartado.

Como não têm conhecimentos sofisticados e capacidade para complicar, as suas soluções são sempre simples e o mais directas possíveis. Na verdade para eles não são problemas, são aquilo que consideram básico de aprendizagem e motivação. Na verdade, se não tiverem desafios, tudo perde a graça, não é verdade? E nunca desistem...

Um novo dia para eles é de facto um dia. Tantas vezes que os vejo a brincarem com os brinquedos mais velhos como se nunca os tivessem visto antes!

O Mundo deles resume-se ao dia que estão dispostos para brincar e ao dia em que não estão.

É incrível a capacidade que têm de guardar para sempre os bons momentos. E não ter a capacidade de sentir a saudade ou lembrança mórbida dos bons e maus momentos!

Não contam os dias que já viveram ou ainda vão viver. A sua vida não se baseia nisso. Apenas sinto que têm uma sede enorme de aprender todos os dias.

Para eles viver é uma coisa tão simples!

A vida deles não tem o limite de 8 ou 24 horas. Esse tempo cronológico não existe para eles. Apenas existe o tempo psicológico. E esse tempo psicológico não trabalha dentro dos ponteiros dos meus relógios – é toda a sua vida naquele único minuto ou instante.

Quem mais me poderá ensinar a viver assim?

Quem mais me permitirá viver assim?

Quem mais...???


EMOÇÕES


Será assim tão difícil entender que as emoções num adulto são diferentes das emoções numa criança?

E aqui nem faço distinção de crianças com "diferenças"!

Se num adulto, as emoções produzem determinados choques, nas crianças essas perturbações assumem um carácter muito mais sério.

Por natureza, por ser criança, as crianças encontram-se num período de instabilidade, devido ao seu crescimento, vive num desequilíbrio contínuo – por isso conseguimos ver uma criança passar do choro ao riso com uma facilidade enorme. Passar de uma actividade para outra com grande rapidez.

Se a vida familiar e emocional da criança não for positiva, não ser estável, a criança está sujeita e mais exposta aos choques emocionais que um adulto. Não dispõe de energia física, não possui resistência para suportar o aparecimento das emoções! Isto é grave, pois para além da gravidade da crise emocional, com tudo o que de mal trás sobre a vida infantil, é importante não esquecer que uma criança é desprovida de algo que podemos chamar de “clareza da inteligência”.

O adulto, ao sofrer um choque de emoção, procura conhecer a situação, e assim conseguir restabelecer o equilíbrio perturbado. A criança, não dispõe de compreensão suficiente para se orientar. Por isso o choque pode prolongar-se, através da sua hesitação, do seu medo, da sua desordem física e mental que a emoção produziu.

A variação da emoções podem ser de acontecimentos bons ou maus. Acontecimentos esses que podem ser de vários factores: responsabilidades em excesso, separação dos pais, mudança de escola, educação confusa por parte dos pais...

A forma como elas são encaradas e superadas, também dependem da personalidade de cada criança, mas nunca esquecendo que são crianças!

Se o choque de emoções for muito forte, se prolongar-se por um período muito longo, problemas sérios de saúde podem acontecer. Já para não falar de todos os efeitos secundários que isso pode trazer na sua personalidade como individuo: a timidez que leva a sérias dificuldades de adaptação, o sentimento de desamparo que pode originar agressividade reprimida, o desejo de agradar a todos, medo de não ter sucesso, levando a ser negativista em tudo aquilo que faz.

Tendo tudo isto em conta, é inevitável que as probabilidades de se tornar um adulto frustado e perturbado é maior, e por isso é importante preservar a saúde e bem estar das nossas crianças, nesta fase da vida. Fase esta que é única.

Para além de entender é assim tão difícil RESPEITAR?


Estrabismo - Cirurgia

Mais uma consulta de oftalmologia.

Chegou o dia... não é possível adiar mais...

Estrabismo, visão monocular... operação a ser realizada ainda este ano – tratar enquanto é tempo!

Claro que muito questionei, muito me informei... apesar dos riscos tenho de seguir em frente. Coragem para ficar ao lado do João... mais uma luta.

Neste dia, passei horas a passear de carro por Lisboa... pensar, reflectir, ponderar... mais uma batalha... mais uma luta... que será mais uma vitória!

Em baixo uma pequena explicação do que é, como se trata (no caso do João!!!) e como vai ser.

Algumas informações mais pormenorizadas foram tiradas da net, mas já explicadas pela cirurgiã.

Dia 20 de Agosto será feita a respectiva marcação da cirurgia, consulta de anestesia (anestesia geral) e fazer as respectivas análises.

A operação será marcada para Dezembro (férias escolares), para não coincidir com o período de praia, inicio escolar e respectiva aprendizagem.

Não é fácil olhar para as imagens, mas é o que efectivamente vai ser feito, e acaba por ser uma forma de ganhar coragem e preparar-me para o que aí vem.

Teremos de conversar com o Neuropediatra, pois vai ser necessário fazer compensações devido à medicação e efeitos da anestesia geral... que efectivamente é o que me assusta mais.

Tenho de ser honesta... não estou preparada para viver de novo o pesadelo das crises. Não estou preparada para ver de novo o João fora do nosso Mundo... não agora que está tão... “saudável”! ***

ESTRABISMO:

Como se estivessem zangados um com o outro, os dois olhos não se direccionam para o mesmo sítio. Um deles olha para o que a pessoa quer focar e o outro desvia-se para uma outra direcção. Este é o sintoma mais comum e visível do estrabismo, uma patologia oftalmológica muito frequente na infância.

O estrabismo é um defeito no alinhamento dos olhos, que deixam de ver simultaneamente. Enquanto um olho fixa em frente, o outro desvia-se.

A criança estrábica tem um desenvolvimento e uma vida perfeitamente normais, apesar de não ter a visão binocular. O problema é que há trabalhos que necessitam de uma visão de conjunto e de relevo que não é possível realizar em visão monocular.

A criança, ao contrário do adulto, está a desenvolver a sua visão e, quando um olho começa a desviar, há mecanismos cerebrais que impedem o aparecimento de diplopia (visão dupla). Assim, a criança não vê duas imagens do mesmo objecto, porque a imagem do olho desviado é suprimida

O estrabismo não tem como única consequência o desalinhamento dos olhos, e, regra geral, leva à diminuição da acuidade visual do olho que não foca os objectos. Isto ocorre porque a criança utiliza o olho que vê bem e o outro não desenvolve uma visão normal.

Após a avaliação completa, e identificado o tipo de estrabismo, segue-se um plano de recuperação. Este plano de tratamento começa por corrigir a refracção (prescrever óculos) e tratar a ambliopia. Depois, «temos de obrigar o olho que vê mal a funcionar melhor, tapando o olho saudável». A este procedimento chama-se oclusão e é, segundo este especialista, «o método de tratamento das ambliopias mais eficaz». – QUE NÃO RESULTOU E/OU RESULTA COM O JOÃO.

A oclusão serve apenas para recuperar a visão e não o alinhamento dos olhos. «Uma vez recuperada a visão, o olho fica ainda desalinhado e, se nós abandonarmos esta criança, passado pouco tempo fica a ver mal outra vez». Em alguns casos, o alinhamento restabelece-se com a recuperação da visão, mas, nos casos em que isto não acontece, faz-se uma intervenção cirúrgica, actuando-se ao nível dos músculos extra-oculares que fazem movimentar os olhos, enfraquecendo-os ou reforçando-os, conforme os casos.

Quanto mais precocemente um estrabismo é tratado, menores são as sequelas que ficam para toda a vida.

Por tudo isto, «é fundamental detectar precocemente e fazer a correcção do estrabismo, não só para permitir a melhoria da acuidade visual, como inclusive para melhorar o rendimento escolar das crianças. Em muitos casos, o défice visual é o motivo do insucesso escolar.

O estrabismo severo pode requer cirurgia. A cirurgia é projectada de modo a aumentar ou diminuir a tensão dos músculos oculares externos. Os seis músculos extra-oculares do olho movem-no em todas as direcções. Quando a cirurgia do estrabismo for necessária deve ser feita quanto antes, por forma a melhorar a possibilidade da criança conseguir vir a ter visão binocular normal.

A cirurgia do estrabismo é feita através da abertura da membrana que cobre o olho denominada conjuntiva permitindo o acesso aos músculos localizados abaixo dela. Os músculos que serão operados dependerá do tipo do estrabismo de cada paciente. Em alguns casos mais de uma cirurgia poderá ser recomendada.


OPERAÇÃO:

A operação de estrabismo trabalha-se nos músculos.

Nesta cirurgia não se tira o olho para fora. São feitas incisões nos olhos para ter acesso aos músculos e neles são feitas as correcções.

Uma intervenção cirúrgica de grande precisão pode tornar-se necessária para restabelecer o paralelismo dos olhos.

Ao acordar não se usam pensos. O paciente pode abrir os olhos, mas o melhor é contentar-se apenas com algumas horas de luz suave. Em geral, alguns dias (10 dias) são suficientes para que a criança possa regressar à escola. Seo estrabismo for muito acentuado poderão ser necessárias várias intervenções.

O curativo inicial deve ser mantido por 24 horas. Após remover o curativo, são orientados colírio de corticóide e antibiótico por uma semana a 15 dias e analgésicos para dor.

Compressas frias (03 a 04 pedras de gelo picado dentro de um saco plástico envoltas em um pano) por 20 minutos a cada 4 horas ajudam a diminuir a dor e o edema nas primeiras 24 horas pós-operatórias.

Lacrimejamento, irritação, ardência, sensação de corpo estranho são normais na primeira semana devido à presença dos pontos conjuntivais e da própria inflamação decorrente do trauma cirúrgico. Em geral o olho reassume seu aspecto normal ao final da segunda semana de pós-operatório.

Não é necessária a retirada de pontos cirúrgicos, os mesmos ou são absorvidos ou caem espontaneamente.

***


terça-feira, 19 de maio de 2009

Sentimentos

Muitos sentimentos têm passado por este tempo.
Por isso a ausência e o silêncio – a reflexão e o tempo de aceitação.

As expectativas são sempre muitas. Os objectivos traçados talvez sejam demasiado altos... e aqui entra um sentimento de frustração, quando esses objectivos não são alcançados. Não são alcançadas da maneira que eu tinha planeado...
Com a frustração, parece que tudo fica abalado... tudo foi em vão... começa a colocar-se em causa toda a minha confiança.
A acompanhar a frustração vem a angústia, que se traduz na alteração do meu comportamento diário – falta de humor, insegurança, ressentimento – DOR.
A ansiedade aumenta, a sensação de vazio, um aperto no coração – MEDO.

Todos estes sentimentos fazem perder-me a minha auto-estima, começa a ficar em causa se estou no caminho certo... e... será que vale a pena continuar?
A tristeza tem estado muito presente nestes dias... desânimo... frustração... – DESILUSÃO.

Sei que o João não é a única criança do Mundo com perturbações no desenvolvimento ... não somos a única família no Mundo a viver e a sobreviver a esta luta diária... mas é suposto ficar mais tranquila por isso?

A minha grande luta durante este tempo todo, é integrar o João na sociedade sem diferenças...

A última Consulta de Desenvolvimento do João empurrou-me para o caminho que eu não quero seguir. Não era esse o meu objectivo. Mas não posso colocar em causa a avaliação, a orientação terapêutica e educacional com que sou confrontada.
Constantemente sou encostada à parede... chamada à realidade! Tenho de aceitar que o João é uma criança que precisa de apoio. Tem necessidades especiais. Só aceitando a necessidade dessas necessidades é que conseguirei que o João se desenvolva e se realize.
... Eu pensei que já tinha aceite... por isso dou tudo o que sei, e tento da melhor maneira criar um ambiente estável e harmonioso, não permitindo que ninguém o destabilize emocionalmente, de forma a evitar angustias que possam perturbar mais ainda o seu desenvolvimento normal.

É um desafio constante... situações difíceis... que muitos que estarão a ler este post, sabem e sentem perfeitamente aquilo que escrevo.

Reconheço, que por vezes tenho excesso de zelo, de protecção... o que acaba por ser contraditório no meu percurso de luta. Pois se por um lado luto para que no futuro consiga ser independente, ter capacidade de resolver os seus próprios problemas e tomar decisões - com o excesso de protecção apenas o quero proteger de que sinta de alguma forma um sentimento de fracasso e rejeição... o que não potencia em nada a sua independência – nem emocional, nem social.
Mas pelos vistos, todos os meus objectivos traçados para o João, tanto a nível académico, como social, estão muito acima daquilo que ele neste momento está preparado para enfrentar.

Sem dúvida que exijo o João integrado na escola regular. Mas nunca pus a hipótese de frequentar a escola regular com ensino estruturado. A necessidade de ser integrado dessa forma...

... é o que tenho feito durante este tempo... reflectindo em todo o meu percurso e aceitar dentro de mim mesma esta necessidade. Deixar de pensar e sentir com coração de mãe, mas conseguir, de forma isenta, o que é o melhor para o João, e não nas expectativas que criei, objectivos que tracei... ultrapassar o preconceito que criei dentro de mim mesma.
As unidades de Ensino Estruturado foram criadas com objectivos muito específicos, e foi uma luta para muitos conseguirem isso. Não posso voltar costas a todo esse trabalho e conquista que essas pessoas conseguiram.

* O objectivo é muito simples:
qualidade de ensino para estas crianças!

Concluindo, e por isso aqui estou hoje a escrever:

Há dias em que nos sentimos cheios de força, capazes de enfrentar qualquer batalha, qualquer adversário. Há dias, em que, por muito cinzento que esteja a ser o nosso dia, temos sempre um sorriso. Existem momentos em que temos coragem para apostar tudo... no que queremos, no que desejamos, no que ACREDITAMOS. Mesmo que nos digam “Não é possível!” ... mas mesmo assim vamos em frente! Trocamos o certo pelo incerto, a razão pela emoção. Erguemo-nos de coragem, seguimos de cabeça levantada, olhos nos olhos, com o coração sempre a bater cada vez mais forte... mas enfrentamos tudo e todos!
Mas em qualquer guerra, qualquer luta, existe um derrotado... e durante este tempo, senti que tinha sido eu...
Nunca abandonei a luta, sempre com esperança da vitória. Apenas o meu sonho, a minha conquista, a minha vitória é que tinham importância.
Nesta consulta, senti que me tiraram a espada... e fiquei sem defesa...
Durante estes dias, senti-me fraca, incapaz e cansada.
Tive a noção que tinha perdido... que perdi tudo...
A coragem estava a ir embora... e senti-me durante estes dias numa solidão escura, incapaz de levantar a cabeça, com o coração e alma demasiado triste... – fazendo afastar-me de tudo e de todos...

Mas o tempo... o tempo cura todos os males!

Mais uma vez, pesquisando, falando com quem sabe (obrigada querida Ana, obrigada querida Rosa, obrigada querida Maria Clara), cheguei à pequenina conclusão: apenas tenho de ter um sentimento dentro de mim – ORGULHO.
Apenas tenho que me sentir orgulhosa por todo o trabalho realizado até aqui, por todos, e orgulhosa pelo menino maravilhoso que o João é.

Orgulho-me não do meu próprio trabalho, mas pelas conquistas do João, estejam elas ou não, dentro dos objectivos que tinha inicialmente traçado.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

***

"Os filhos são para as mães as âncoras da sua vida." (Sófocles)

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Crítica***??!!!

Bom... nem sei por onde começar... pelo inicio, pensarão alguns...

Primeiro que tudo, quero, mais uma vez, esclarecer, que o objectivo deste blog, é de partilhar experiências e trabalhos. De alguma forma, partilhar as minhas alegrias, as minhas ansiedades, as minhas dúvidas.
Como já devem ter reparado, muito raramente respondo aos comentários aqui deixados. Não por desrespeito, não por desprezo, mas porque o tempo é precisoso, e existem prioridades.

Gosto de ler os blog’s que por aqui andam, aprender com o que escrevem, sentir que não estou sózinha, não sou a única, e ao mesmo tempo partilhar com todos aquilo que faço com o João achando que pode ser útil, assim como é útil para mim aquilo partilham comigo.

Cada criança é especial. É especial à sua maneira e com as suas próprias necessidades.
De modo algum, quero ou sou exemplo para alguém!

Mais uma vez, repito, apenas partilho trabalhos, experiências, emoções, angústias, tristezas e alegrias... acima de tudo CONQUISTAS!

Respondendo a algumas questões que me têm colocado, respondendo a algumas criticas “destrutivas”, anónimas, não tendo essa obrigação, pela primeira vez, e espero que pela última, vou escrever sobre o que penso – repito – que eu PENSO (!!!!)

Parece que o post sobre o remédio Rubifen, foi alvo de polémica por aqui. A verdade, é que quando o escrevi, o meu intuito foi apenas, mais uma vez, partilhar a minha angústia e dúvidas sobre aquilo que ouvi e li.

Não sei se o médico de familia pode ou não passar receita médica. Não sei se é só no hospital... não me façam perguntas técnicas, não é esse o meu objectivo.
Sei que é a médica de desenvolvimento e o neuropediatra, MÉDICOS QUE ACOMPANHAM o João que passaram e com quem eu esclareço e partilho, também, as minhas dúvidas.

Como escreveu um blogger, não sou médica, nem tenho uma licenciatura médica, e muito menos sou uma especialista nesta matéria.
E como aconselhou esse blogger anónimo, e respondendo-lhe directamente, jamais tomei nenhuma decisão em relação à medicação do João sem antes esclarecer todas as dúvidas com os médicos, como já disse, que seguem o João. Isto não é uma brincadeira! Este blog não é um passatempo! Não é alguém que não tem nada que fazer, e por isso, debita palavras.

Quando decidi não dar Rubifen ao João, foi uma decisão que comuniquei aos médicos!
Aliás, sou a favor, que quanto mais conseguirmos fazer com estes meninos, sem a ajuda de medicação, melhor para eles! E com tanta luta durante este tempo todo, jamais deitaria tudo a perder por altruísmo meu.
Pelos vistos, a ignorante aqui não sou eu, e desculpe se estou a ofender alguém, mas não me parece que esteja errada, por pesquisar na internet mais informação sobre este assunto. Ou para me sentir mais segura, mais certa ou até mais esclarecida. Mas jamais as minhas decisões passam por aquilo que leio na net, mas SEMPRE porque aquilo que conheço do João e do que falo com as pessoas que trabalham com o João.

Fui pesquisar na net os efeitos adversos deste medicamento, porque é de conhecimento geral de quem tem filhos com pertubações no desenvolvimento o quanto "pouco saudável é este medicamento". Como mãe tenho de ponderar se os efeitos positivos são superiores ao negativos...
Não sei como são feitos os estudos, e nem me deixo influenciar por eles, como também não devem influenciar-se por aquilo que aqui esccrevo.

Aquilo que resulta com o João, não resulta com outras crianças.

Por isso me dedico a criar actividades e jogos próprios e direccionados para as necessidades especificas do João.
Partilho, porque o mesmo jogo, a mesma actividade, podem ser feitos de várias maneiras, consoante, como já disse anteriormente, as necessidades de cada criança.
De alguma forma, o nosso limite é a nossa imaginação... com esta partilha de ambas as partes, é mais fácil.

Não me vou alongar muito mais... até porque estou muito repetitiva...

Após 6 meses, depois do João ter mudado de escola, e a Educadora de Ensino Especial preferir trabalhar com o João sem o efeito de medicamento, em conjunto com os médicos que o acompanham, decidimos que o ideal agora era trabalhar com o efeito da medicação. Só dessa forma, conseguimos um termo de comparação:
- O João aprende mais e melhor com o rubifen?
Sem tomar a medicação não saberemos.
Infelizmente não consegui mais adiar a toma diária do Rubifen.


E agora, vou ser altruísta, pois como mãe tenho esse direito, pois apenas quero o melhor!

Não aceito críticas pela minha decisão de não dar o medicamento ao João.

Qual é a mãe que quer ver o seu filho dependente de um medicamento para se socializar e aprender?
Se o puder fazer de outra forma, por mais dificil que seja, então será esse o caminho que tomarei.
Infelizmente esse caminho chegou ao fim e tenho, contra minha vontade, dar o medicamento diariamente ao João. E porquê? Porque quero o melhor para ele...

Pouco inteligente, é criticar, falar e escrever sem conhecimento de causa.

Não se pode criticar? Claro que sim. Mas uma critica, positiva ou negativa, deverá ser sempre construtiva. Quando fazemos uma critica positiva, o intuito é de reforçar o comportamento e a negativa de corrigir ou melhorar os nossos comportamentos.

Não admito uma critica destrutiva, com a tentativa de me humilhar, desvalorizar ou por pura e simples maldade.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Blog de Ouro


Ausente, mas sensibilizada por todos os comentários deixados.
Sem tempo e a passar por maus momentos – profissionais e emocionais – o silêncio ...
... “o meu silêncio é feito de gritos abafados...”

O selo do Blog de Ouro – recebi de Anjo da Luz.

Aqui ficam as regras:
  • Exibir a imagem do selo;
  • Escolher seis mulheres diferentes a quem entregar o BLOG de OURO;
  • Deixar um comentário nesses blogues para que saibam que ganharam o prémio.

As minhas escolhas... para todas as mães, que por um ou outro motivo, têm uma luta, e agarram-se com todas as forças para ultrapassar e ganhar todas as barreiras que vão surgindo. posso nomear seis, mas são muitas mais... ficam algumas que conheço deste mundo da net...:

GRILICES
Coragem, força, dedicação...

AGUAS-FURTADAS
Experiência, partilha, dedicação...

REINO ENCANTADO DAS ALMOFADAS
Inocência, sonhadora, dedicação...

A VIDA COM PEDRO
Diferença, resistência, dedicação...

LOBITAS
pouco original, mas: coragem, força, dedicação...

ESTRUPFANDO
Carinho, força, dedicação...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

+ Actividades






"Educar é crescer. E crescer é viver.
Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra".
(Anísio Teixeira)

Actividades novas para imprimir em BLOG ACTIVIDADES.
Divirtam a aprender.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Actividade: Desenhar pirata

Sem desperdiçar papel e tinteiro (que estão a preços impraticáveis!!!)
Download no lugar habitual! ;o)



segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Motricidade Fina


"O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade."

Os textos não são de minha autoria, apenas reajustados à minha forma de escrever e da minha própria vivência. Mas coloco-os porque os acho importantes para explicar o trabalho que faço com o João, os objectivos e os resultados que se pode obter.

Mais uma vez podem fazer o DOWNLOAD. Basta imprimir, plastificar e encadernar.
Esta actividade é muito parecida à anterior. Mas os números são maiores. Como podem ver no vídeo, faz toda a diferença para quem não tem motricidade fina muito desenvolvida - que é o caso do João.



"Por Susanne Bartlewski,

A criança é movimento. Movimentando-se no espaço ela vai treinando o seu corpo, adquirindo destreza para que mais tarde possa dominá-lo. A motricidade nada mais é do que a habilidade motora.

* Motricidade grossa é aquela relativa ao corpo todo e
* Motricidade fina é relativa à destreza das mãos e ponta dos dedos.


A motricidade grossa é desenvolvida quando a criança brinca com o corpo todo, subindo em árvores, saltando à corda, correndo, saltando de várias formas, equilibrando-se numa corda, andando de bicicleta, skate e outros, nadando, dando cambalhotas, jogando bola, etc.


A motricidade fina é desenvolvida na utilização das mãos com diferentes lápis e blocos em desenhos e na escrita, no manuseio de diferentes ferramentas e instrumentos tais como talheres (comendo, picando legumes), agulhas (fazendo costuras e bordados, martelo e pregos, chave de fenda e parafuso, serrote, enfiando contas num fio, moldando com plasticina ou argila, tocando um instrumento musical, etc.
Q
uanto menor e mais com a ponta dos dedos for o movimento, mais elaborado será o treino da motricidade fina.

Um grande rival do desenvolvimento da motricidade na criança hoje em dia é o excesso de televisão, playstations e uso do computador: actividades que favorecem a passividade ou movimentos mecânicos repetitivos e unilaterais.


A motricidade bem desenvolvida na infância favorecerá, entre outros, o pensamento matemático no futuro."



domingo, 4 de janeiro de 2009

Actividade: Desenhar números

Mais novidades!

... não sou educadora, não sou perfeita, mas FAÇO O MELHOR QUE SEI !

* Vejam o vídeo... *




Plastifiquei e encadernei.
Para não estar sempre a imprimir, gastar tinteiro e papel, com canetas de acetato NÃO PERMANENTE, desenha as vezes necessárias. apaga e volta a fazer!

Façam o download em: Blog com actividades

Espero que seja do vosso agrado: útil e prático!

Método das 28 palavras

Aqui vou tentar explicar no que consiste o método das 28 palavras, no entanto, de longe é o meu objectivo ser "perfecconista" ao ponto de achar que sou a pessoa indicada para tal. Muitos sites onde poderão melhor obter essa informação.
O meu objectivo é ultrapassar determinadas barreiras a nível de disponibilidade de materiais e obter o máximo de troca de informações.
Como é habitual, já sabem onde podem fazer o download de todo o material. Este livro está disponivel para download no blog das actividades.

Basta imprimir e encadernar. Brevemente espero conseguir colocar ao vosso dispor o jogo informático, com sons...


O “Método das 28 palavras” tira partido do potencial da imagem na aprendizagem da leitura e da escrita. Trata-se de um método muito divulgado na aprendizagem de crianças com dificuldades de aprendizagem e com resultados muito positivos; no entanto, só está disponível em suporte papel – espero conseguir ultrapassar essa barreira brevemente!

Embora não acredite que este método seja só especialmente dedicado a crianças com dificuldades de aprendizagem, vou fazer uma pequena introdução, com base em vários documentos que li sobre o assunto:

As crianças com Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.) manifestam problemas sensoriais, físicos, intelectuais e emocionais e, também, muitas vezes, evidenciam dificuldades de aprendizagem derivadas de factores mentais, orgânicos ou ambientais.

Para estas crianças a aprendizagem da leitura e da escrita constitui a pedra basilar de que depende todo o seu percurso académico. Contudo, para o ensino destas competências básicas, os professores recorrem a métodos baseados quase exclusivamente em suportes convencionais como seja o livro de texto, ilustrações, cartazes, etc.
Todos sabemos como o computador tem vindo a entrar cada vez mais cedo na vida das crianças. Desde a mais tenra idade que o ambiente informático lhes é familiar; trata-se de um mundo que as atrai devido às suas cores, ao movimento, aos sons.

O acto da ler e de escrever é um processo complexo que implica um conjunto de conhecimentos que a pessoa adquire ao longo da sua vida antes e durante o seu ingresso no ambiente escolar. É uma actividade cognitiva e não uma capacidade sensorial e auditiva que se pensava ser necessário para aprender a ler e a escrever. É uma descodificação e compreensão de representações gráficas e auditivas.

A aprendizagem da leitura e da escrita baseia-se em dois pressupostos fundamentais : o de retirar informação visual (sinais gráficos) e também o de compreensão do que se está a ler e a escrever.

O ingresso na leitura e na escrita por parte da criança é um processo de aprendizagem, de prática e de aperfeiçoamento. Antes desse ingresso, a criança já dominava a comunicação oral e usava-a de maneira autónoma e perfeita para ser entendida e compreendida pelos demais interlocutores. Portanto, a aprendizagem da leitura e da escrita visa o mesmo objectivo, ou seja, dar ao educando uma autonomia para poder compreender e ser compreendido pelos seus interlocutores. - “aprender a ler e a escrever representa, nesta perspectiva, dar à criança os meios que lhe permitam comunicar com outrem na sua ausência, exigindo-lhe desta forma a conquista de uma autonomia”.

Saber ler um documento escrito é compreender.

A leitura pode, daí em diante, tornar-se o meio essencial da aquisição de conhecimentos, do desenvolvimento do pensamento e do enriquecimento da personalidade.

A escolha de um bom método de leitura ajuda na compreensão da leitura e da escrita. Ensinar a ler só se complementa quando o professor leva os alunos a gostarem da leitura e a descobrir os prazeres e alegrias que ela lhes pode proporcionar.

Existem vários métodos de ensino da leitura e da escrita.

- O mais antigo é o método analítico sintético. Apesar de ser o mais antigo, é o que domina como método de ensino-aprendizagem nas escolas portuguesas. Consiste no ensino da letra como unidade sem significância para muitos alunos. As letras (maiúscula e minúscula) são repetida vezes sem conta no caderno escolar dos alunos. Depois é ensinada a sílaba, que também é repetida no caderno, para que a sua caligrafia seja perfeita. Mais tarde ensina-se a junção das sílabas para formar palavras e de seguida formam-se frases.
Em suma, é um método com base na repetição da letra até formar sílabas, que passam para as palavras e por fim a frase.

- Em contrapartida, o método das 28 palavras consiste em desenvolver a aprendizagem da leitura e da escrita a partir de situações concretas e reais para os alunos: As palavras estão sempre relacionadas com imagens. Trata-se de um método que adopta um esquema de aprendizagem; por exemplo, a primeira palavra que se ensina é “menina”, e depois:
* faz-se o desenho da palavra ou mostra-se o cartaz com a imagem da menina;
* as crianças escrevem a palavra em letra manuscrita e à máquina;
* depois ensina-se a palavra “menino”, seguindo os passos a cima;
* depois mostra-se a diferença entre as duas palavras que é entre as vogais “a” e “o”.
* separam-se as sílabas das palavras “menino” e “menina”;
* quando surgem outras palavras separa-se as sílabas e formam outras palavras;
* depois formam-se frases.

Os exercícios contínuos ajudam a concretizar os conteúdos dados.
Poderá recortar de revistas ou jornais, figuras ou palavras aprendidas, que colocará no caderno, escrevendo por baixo a palavra respectiva”...