"Desejar o melhor, recear o pior e aceitar o que vier." by Daniel Defoe
Hoje é um dia particularmente triste.
Tento conter as minhas lágrimas, mas em vão.
Tenho dentro de mim a pior das sensações como mãe: em causa
todas as minhas decisões tomadas até hoje!
Reunião de avaliação das 8:10 até 11:30 da manhã.
Uma reunião cheia de palavras emotivas, agressivas e por
vezes com sentimento insultuoso.
“- Sou a única mãe que levanta problemas nas decisões que é
proposto pela ‘equipa’!”
Sem dúvida que era mais fácil tomar a decisão de aceitar e
permitir a sinalização do João com o artº 21 – CEI
Mas o que pretendo na minha vida, no futuro do João não é
facilitismo. Só queria somente que acreditassem como eu, pois é visível todo o
seu desenvolvimento. O que é preciso mais o João provar que é capaz? Só eu é
que vejo isso?
Como mãe não quero nem posso tomar decisões tão definitivas
que se refletem na vida futura do João e de uma forma irreversível. É uma decisão
que ficará marcado na sua vida para sempre!
Podemos ser um pouco realistas?
Estamos a falar de uma criança com um diagnóstico Espetro do
autismo e um atraso no desenvolvimento. Não é um diagnóstico de Síndrome de
Rett, Trissomia 21; não é uma criança com multideficiências!
Sou posta em causa por acreditar no João, por querer dar uma
oportunidade?
Conclusão: o João não foi retido, parece que não se fazem
retenções no 3º ano. É considerado um ano de transição. Portanto tomei a
decisão errada ao não concordar com a sua retenção no 2º ano. O João transita
para o 4º ano, sem saber ler nem escrever. Como é possível uma criança se
encontrar no 4º ano sem saber ler nem escrever. Como se justifica este desfasamento
se este menino não se encontra sinalizado com o CEI? Para salvaguardar, vem uma
nota na sua avaliação que o encarregado de educação se recusou DESDE o 2º ano a
sua retenção. E o 3º ano? Não se fazem retenções? Mas claro, sou somente uma
mãe que levanta problemas e não aceita o que é proposto, sendo passada para mim
toda a responsabilidade desta situação. Afinal a minha experiência neste assunto
são somente 9 anos, de convívio com o meu filho! O que é isso comparado com a
experiência de alguém especializado nesta área há 20 anos? Na verdade, pensei
que independentemente dos anos de experiência, cada caso é um caso e que todos
são diferentes. Como ando enganada e errada!
Com este post posso estar a ferir suscetibilidades… não é
essa a minha intenção.
Só gostava de encontrar respostas, não de uma forma
legislativa, mas de uma forma humana!
Sinto-me encostada à parede…
Solução?
Sinalizar o João com o CEI… transitar todos os anos e ser
mais um… mais um menino que no fim receberá o seu Certificado de frequência e
não o seu Certificado de Habilitações.
No 5º ano os professores não se vão dar ao trabalho de fazer
um programa especial para o João. Darem-se ao trabalho de adaptar os seus
testes às suas capacidades cognitivas.
Tento informar-me ao máximo sobre como tudo isto funciona,
que me mostre a luz ao fundo do túnel, que não me permita arrepender de uma
decisão tomada que afetará todo o seu futuro. Mas continuo uma leiga no assunto
e questiono tidas as minhas decisões tomadas até hoje.
Como posso conseguir que o João aprenda a ler e a escrever
com autonomia, durante o período de férias escolares? Sei que não é só isso,
mas… é um passo…
SINTO-ME ENCURRALADA!
É esta a solução para o João?
As lágrimas persistem em cair! Tento segurá-las e ser forte
para sorrir. Mas elas caem porque o meu coração não aguenta mais chorar!
Li um caso na net:
“-(…) existem cursos práticos (ex: serviço de mesa,
atendimento telefónico, jardinagem e espaços verdes...), penso que pode ser uma
boa solução a inclusão destes alunos (…)”
O João não se identifica em nenhuma destas áreas práticas?!
E fotografia? E dança? E como são estas saídas a nível profissional com somente
um Certificado de Frequência?
Sinto um desespero que aperta o meu coração, encurralada…
com uma faca espetada nas costas… SINTO-ME TRAÍDA!
“-Mamã Sofia, não desistas! Mesmo que pareça que não há mais
nada a fazer… a todo o momento tudo pode mudar para quem não desiste!!! Quando
se fecha uma porta, há sempre uma janela que se abre…”
Mas a verdade é que o tempo passa e á cada vez mais curto!
Seremos NÓS mais fortes que o tempo?