segunda-feira, 28 de março de 2011

Diagnóstico Autismo

Tomei conhecimento de uma situação surreal. Não sei bem a veracidade e em que contornos está a acontecer, mas uma médica fazer um diagnóstico a uma criança dizendo que é Espectro do Autismo, quando na realidade é Autismo Severo... motivo desta explicação (???): pouco existe para fazer por esta criança e os pais não estão preparados para o verdadeiro diagnóstico.

Não sei se é possível que isto esteja a acontecer nos dias de hoje, mas sendo verdade, estou indignada!

Resta-me acreditar que essa mãe irá ler este post, identificar-se e tomar as devidas medidas.

Nunca é demais serem trabalhados, estes meninos são uma caixinha de surpresa!
Ainda me lembro no inicio do diagnóstico do J. não conseguir obter respostas concretas, mas eu queria respostas e resultados! Nunca nenhum médico me disse que não existia nada a fazer! Simplesmente, que não era possivel saber!

As medidas de 'tratamento' passam por um caminho longo!

São programas intensos e abrangentes que envolvem a criança, a família e os profissionais, sendo indicado começar o mais cedo possível.
Os programas de intervenção para os principais sintomas abordam as questões sociais, de comunicação e cognitivas centrais do autismo. Os objetivos dos programas de tratamento são traçados de acordo com as dificuldades e habilidades da criança, sendo levada em conta a fase de desenvolvimento em que se apresenta. Geralmente a intervenção comportamental, a terapia da fala, ocupacional e psicopedagógica fazem parte do programa.

Os métodos de intervenção são vários e aplicados de acordo com cada criança, mas são aplicados. Ninguém desiste de uma criança, seja qual for o seu diagnóstico!

* Análise do Comportamento Aplicada – o muito conhecido, abreviando ABA – preparar a criança para estar em diferentes ambientes, com pessoas diferentes, inclusão social, escolar e profissional
* Treinamento e ensino de Crianças com Autismo e Outras Dificuldades de Comunicação Relacionadas – abreviando, o tão conhecido TEACCH – ajuda a traçar estratégias cognitivas e comportamentais, para a criança adquirir habilidades. E engane-se quem ache que é uma técnica usada só pelos professores. Também em casa é possível usar e trabalhar! Permite a criança organizar-se e estruturar-se, através de repetições e muita insistência. Trabalho, trabalho, trabalho.
* Sistema de Comunicação por Troca de Figuras - os nossos amigos PECS (Picture Exchange Communication System) - permite a criança comunicar através de cartões com imagens. Mais uma vez, usa-se na escola, em casa e até na rua. Existem bolsinhas de transporte , uma fita ao pescoço, um dossier, existem muitas forma de serem utilizados, de acordo com a necessidade da criança e o respectivo grau. Através destes cartões a criança, com a ajuda de todos (!!!) começa a construir o seu vocabulário e exprimir os seus desejos.
* Terapia da Fala – não só para quem não consegue falar, mas embora possam falar, têm dificuldade em compreender e dificuldade em comunicar. O principal objectivo é a criança aprender a comunicar de forma útil e funcional, seja pelo domínio da língua falada, seja por sinais e/ou gestos.
* Terapia Ocupacional - tornar a criança o mais autónoma possível, juntando um trabalho cognitivo, físico e motor. Pode ir desde aprender a brincar, como algo tão básico da vida diária de como se vestir, comer ou ir à casa de banho. Assim como a parte social, motricidade fina e percepção visual.
* Fisioterapia - quando existem dificuldades motoras é uma das razões para ter fisioterapia. Mas não só. Poderá ser para tratar a falta de tônus muscular, equilíbrio e coordenação.
* Acompanhamento psicopedagógico – com o objectivo de desenvolver a aprendizagem, utilizando técnicas que facilitem essa aprendizagem e principalmente encontrar o seu potencial e desenvolver esse potencial.

E alguém diz que não existe nada a fazer por esta criança porque os pais não estão preparados?

Deixo aqui mais material de leitura que considero útil para todos

* "Informações e recomendações para pais com filhos com autismo, em especial os recém diagnosticados"
.

* Blog realista de uma criança com autismo severo.

Um autista severo poderá nunca adquirir comunicação linguística (nunca vir a falar), mas consegue trabalhar perfeitamente com um computador… E continuamos a dizer que nada existe para fazer por esta criança, porque os pais não estão preparados para o diagnóstico?


* Também neste Blog como uma criança com diagnóstico de autismo severo consegue começar a dar os seus primeiros passos na sua autonomia nas rotinas diárias
.

* Contactos para pedir ajuda

"A luz só é evitada por escaravelhos, ladrões e ignorantes."
Paolo Mantegazza

2 comentários:

CláudiaMG disse...

Olá Mamã Sofia, infelizmente conheço alguns casos, não de autismo, mas sim de PC, que os profissionais de saúde disseram o mesmo aos pais. Graças a Deus esses pais são pessoas informadas, lutadoras e que não desistiram ao primeiro diagnóstico.
Por isso assim como tu, também eu espero que essa família não se fique com o primeiro diagnóstico que encontrou e que lute, lute pelo filho que têm até ao fim do mundo!
E como em tudo na vida, existem sempre uma solucção, mesmo que por vezes não consigamos logo vê-la, ela está lá, só temos de abrir um pouco mais os olhos e ver as coisas por outra prespectiva.

Um beijinho
Cláudia

Dulce Bregas disse...

Olá Sofia,isto leva-me a pensar que aquele número absurdo de tão mínimo de crianças com autismo(1 em cada 1000) se refira ao autismo SEVERO!Isto já me parece a pedagogia do nosso 1º ministro,quando nos faz querer que o copo está quase cheio,em vez de quase vazio!Uma criança com asperger,sem défice algum,QI acima da média não deixa de ser autista!Está na estatística???Com certeza que não.Beijocas!