quarta-feira, 27 de junho de 2012

Artº 21 - CEI

"Desejar o melhor, recear o pior e aceitar o que vier." by Daniel Defoe


 Hoje é um dia particularmente triste.

Tento conter as minhas lágrimas, mas em vão.
Tenho dentro de mim a pior das sensações como mãe: em causa todas as minhas decisões tomadas até hoje!

Reunião de avaliação das 8:10 até 11:30 da manhã.

Uma reunião cheia de palavras emotivas, agressivas e por vezes com sentimento insultuoso.

“- Sou a única mãe que levanta problemas nas decisões que é proposto pela ‘equipa’!”


Sem dúvida que era mais fácil tomar a decisão de aceitar e permitir a sinalização do João com o artº 21 – CEI
Mas o que pretendo na minha vida, no futuro do João não é facilitismo. Só queria somente que acreditassem como eu, pois é visível todo o seu desenvolvimento. O que é preciso mais o João provar que é capaz? Só eu é que vejo isso?

Como mãe não quero nem posso tomar decisões tão definitivas que se refletem na vida futura do João e de uma forma irreversível. É uma decisão que ficará marcado na sua vida para sempre!

Podemos ser um pouco realistas?
Estamos a falar de uma criança com um diagnóstico Espetro do autismo e um atraso no desenvolvimento. Não é um diagnóstico de Síndrome de Rett, Trissomia 21; não é uma criança com multideficiências!

Sou posta em causa por acreditar no João, por querer dar uma oportunidade?

Conclusão: o João não foi retido, parece que não se fazem retenções no 3º ano. É considerado um ano de transição. Portanto tomei a decisão errada ao não concordar com a sua retenção no 2º ano. O João transita para o 4º ano, sem saber ler nem escrever. Como é possível uma criança se encontrar no 4º ano sem saber ler nem escrever. Como se justifica este desfasamento se este menino não se encontra sinalizado com o CEI? Para salvaguardar, vem uma nota na sua avaliação que o encarregado de educação se recusou DESDE o 2º ano a sua retenção. E o 3º ano? Não se fazem retenções? Mas claro, sou somente uma mãe que levanta problemas e não aceita o que é proposto, sendo passada para mim toda a responsabilidade desta situação. Afinal a minha experiência neste assunto são somente 9 anos, de convívio com o meu filho! O que é isso comparado com a experiência de alguém especializado nesta área há 20 anos? Na verdade, pensei que independentemente dos anos de experiência, cada caso é um caso e que todos são diferentes. Como ando enganada e errada!

Com este post posso estar a ferir suscetibilidades… não é essa a minha intenção.
Só gostava de encontrar respostas, não de uma forma legislativa, mas de uma forma humana!

Sinto-me encostada à parede…

Solução?
Sinalizar o João com o CEI… transitar todos os anos e ser mais um… mais um menino que no fim receberá o seu Certificado de frequência e não o seu Certificado de Habilitações.

No 5º ano os professores não se vão dar ao trabalho de fazer um programa especial para o João. Darem-se ao trabalho de adaptar os seus testes às suas capacidades cognitivas.

Tento informar-me ao máximo sobre como tudo isto funciona, que me mostre a luz ao fundo do túnel, que não me permita arrepender de uma decisão tomada que afetará todo o seu futuro. Mas continuo uma leiga no assunto e questiono tidas as minhas decisões tomadas até hoje.

Como posso conseguir que o João aprenda a ler e a escrever com autonomia, durante o período de férias escolares? Sei que não é só isso, mas… é um passo…

SINTO-ME ENCURRALADA!
É esta a solução para o João?

As lágrimas persistem em cair! Tento segurá-las e ser forte para sorrir. Mas elas caem porque o meu coração não aguenta mais chorar!

Li um caso na net:
“-(…) existem cursos práticos (ex: serviço de mesa, atendimento telefónico, jardinagem e espaços verdes...), penso que pode ser uma boa solução a inclusão destes alunos (…)”

O João não se identifica em nenhuma destas áreas práticas?! E fotografia? E dança? E como são estas saídas a nível profissional com somente um Certificado de Frequência?

Sinto um desespero que aperta o meu coração, encurralada… com uma faca espetada nas costas… SINTO-ME TRAÍDA!

“-Mamã Sofia, não desistas! Mesmo que pareça que não há mais nada a fazer… a todo o momento tudo pode mudar para quem não desiste!!! Quando se fecha uma porta, há sempre uma janela que se abre…”

Mas a verdade é que o tempo passa e á cada vez mais curto!
Seremos NÓS mais fortes que o tempo?