quarta-feira, 3 de outubro de 2007

TEACCH

Muito falado, muito explicado.
Para mim e para o João? Fabuloso.
Para muitas crianças o método Teacch ajuda na comunicação, quando a mesma tem ausência de linguagem. Para o João, que tinha uma linguagem, mas muito primária, tem sido um sucesso. Mas o interessante é que não é só útil para meninos problemáticos! O José, adora que todo este método seja aplicado com ele. Para além de se sentir integrado, sente-se mais organizado!

Este método tem ajudado-os a compreender tudo o que se passa à volta deles e reagir de acordo com esse ambiente.

Claro que o método Teacch é muito mais que isto! Mas não pretendo aqui explicar no que consiste este método. Quero apenas partilhar a forma como ele tem contribuido para a evolução positiva do João.

Acontece que este método só resulta se for executado em equipa. Tem de existir uma relação e continuidade do trabalho feito pela terapeuta. E disso eu não abro mão. Mesmo que isso passe por ter de retirar tempo meu. Mesmo que deixe de ter vida própria. Sei que deveria dedicar mais tempo a mim, mas esse tempo é precioso para o José e para o João. Como tal, não posso desperdiçar nenhum minuto. Não posso correr o risco de o João não conseguir ser independente e me ver na agonia que muitos pais vivem de não saberem onde colocar os seus filhos. Não posso permitir que o João se torne num autista adulto inadaptado! Tenho que lhe dar a oportunidade de conseguir a maior autonomia possivel.

Não posso parar, como já disse, não vou correr o risco que o João regrida, pois essa regressão pode ser irreversível!
O João e crianças como ele, não podem parar, têm de estar sempre a ser estimuladas. Não podemos hesitar.

O João consegue neste momento comandar o seu corpo.
Tem dificuldades na motricidade fina, mas que eu acredito que também essa dificuldade vai conseguir ultrapassar. E não será de uma forma estereotipada!

Neste momento, alguns dos seus progressos são estereotipados. É visivel em muitos diálogos que tentamos ter com o João. Constrói frases muito elaboradas, possui um vocabulário extenso, mas na verdade, muitas vezes fora do contexto! MAS...!!! Mas é um grande passo!

E agarrada a esses passos, a esta evolução, a este estado, que me recuso a baixar os braços, independentemente das dificuldades que vão surgindo, independentemente de algumas pessoas importantes na sua vida recusarem-se a colaborar e perceber a importância deste trabalho.

Mas ver o João que:

- Não tinha capacidade de ler a minha expressão facial -
"Mamã, tás tiste?"

- Não brincava ao faz de conta -
"Mamã, olha eu andar de surf!" - e estar em cima do sofá com os braços abertos, a fazer equilibrio em cima da suposta prancha...

Como posso eu fechar os olhos?
Como posso eu baixar os braços?
Como posso eu desistir?

...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

OBRIGADO!

Toda a minha luta é composta por esperanças e decepções, mas todos os dias vejo pequenos resultados. São muitas as vezes que tenho vontade de desistir. Não quero assumir esta luta. Não quero estar no comando - mas o João precisa de mim..

Quando olho para os seus progressos, reencontro toda a minha esperança, mesmo com todas as dificuldades e frustações. Muitas vezes sou atingida por uma felicidade extrema. Parece que o João se aproxima cada vez mais dos padrões de uma criança normal. Outras vezes?! Outras vezes parece que tudo não passou de uma ilusão. Voltam as resistências e as barreiras voltam a elevar-se.

Mas não posso desistir...

Não vou baixar os braços. Não posso permitir que o João regrida. Tem de ser estimulado. Não posso deixá-lo parar. Ele está à espera que eu o faça! Está à espera que eu não desista, mesmo que exteriormente não seja isso que pareça! Não o posso desiludir...
Tenho de o ajudar a estabelecer uma relação com o nosso Mundo. Não posso perder a coragem... a força...

Sei que não será uma criança curada, mas sei que ele conseguirá não fechar-se no seu Mundo e conseguirá comunicar cada vez melhor e viver como uma criança e continuar a ser feliz.

Esta força, esta vontade, coragem, como às vezes me dizem (!!!) não é conseguida sózinha.

Portanto, tenho de deixar aqui o meu muito obrigado Ana.
Obrigado Mãe... obrigado Pai...
Obrigada Alexandra...
Muito obrigado Colégio Bobocas... e aqui não posso enumerar os nomes. Não posso correr o risco de me esquecer de alguém, pois são todos incansáveis, com paciência, carinho, força e esperança!

... obrigado!