quinta-feira, 31 de julho de 2008

Jogos Didácticos - PORQUÊ E PARA QUÊ?


Coloca-se a pergunta:
Porque me dou ao trabalho de construir jogos para o João?

Os jogos didácticos não são apenas uma forma de diversão. São também uma ferramenta no processo de ensino versus aprendizagem.
Os jogos estimulam o desenvolvimento cognitivo, e de uma forma divertida e descontraída é possível ensinar a respeitar as regras e a conviver socialmente.
Toda a sua concentração aumenta e possibilita, por isso, um melhoramento na capacidade de analisar e elaborar estratégias e desenvolver o raciocínio.

É possível aprender divertindo-se.
Por isso não páro... e partilho... porque o sucesso é garantido!

Muitas vezes vivemos obcecados por educa-los e fornecer-lhes toda a estrutura necessária para a sua vida futura que esquecemos que ainda são crianças! E como tal, como qualquer outra criança, quer é divertir-se! E por isso, se algumas actividades, alguns jogos não são adequados para crianças que sofrem de autismo, há que fazer e tornar esses jogos divertidos para crianças com este diagnóstico.

Os jogos e/ou actividades podem ser feitos na escola ou em casa... Em qualquer lugar!

Os jogos podem ajudar não só a desenvolver as competências cognitivas, como também as competências sociais...

... ou até mesmo só para ser um bom momento!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Programa na TVI


Recebi uma mensagem: “21 de Julho às 21 horas! Um programa sobre autismo.”
- Boa! – pensei instantaneamente!

Esperei ansiosa que começasse, e fez-se silêncio assim que começa o programa. Não estava à espera que fosse um programa com grande tempo de antena, mas que focasse os aspectos fundamentais desta doença, o que é preciso e falta neste País, para que seja possível a integração destas crianças da melhor forma na nossa sociedade!

Quando termina o programa... senti-me frustada.

Como é possível até a comunicação social deixar-se influenciar? A informação deveria ser isenta, REALISTA...

NÃO FOI NADA DISSO QUE VI...

Vi o problema destas crianças abordadas de uma forma fútil, estéril...
1. Vi uma associação a falar sobre o assunto...
2. Vi uma psicóloga a falar como ajuda um menino autista...
3. Vi uma instituição a falar sobre a decisão de uma mãe colocar o seu filho na instituição internamente...
4. Vi o responsável da primeira escola ABA em Portugal a falar com orgulho sobre a sua obra...

Agora comento eu:
1. Existem associações que ajudam pais com crianças com este diagnóstico... não só o Diferenças, como temos o Cadin... associações com um poder de resposta e de esperança enorme! Que nos lembra que não estamos sózinhos, não somos os únicos e todos lutamos pela mesma causa. MAS POR ACASO FALARAM SOBRE QUANTO CUSTA UMA CONSULTA NUMA INSTITUIÇÃO DESTAS? QUANTO CUSTA UMA CONSULTA COM O NEUROPEDIATRA, UMA CONSULTA COM A PSICÓLOGA, UMA AVALIAÇÃO??? E quando uma mãe faz um esforço enorme mas não consegue? É insustentável a conta ao final do mês. No meu caso pessoal tive de desistir. Até hoje não me foi perguntado porque nunca mais frequentei a associação! Não existiu a menor preocupação com o futuro desta criança... Na altura ainda falei na questão de ter de desistir... podia preencher uns papeis que levam meses a ser analisados... até lá podia suspender as terapias, ou pagar até a aprovação de ajuda nos tratamentos. Como já perceberam, quando se trata dos meus filhos, não sou mulher de ficar de braços cruzados. O meu filho não podia ficar à espera da aprovação da tal ajuda...
2. Quantos mais podem pagar a uma psicóloga para ensinar o seu filho a ser o mais possível independente? Até consegui perceber como conseguirei eu própria fazê-lo... mas não tenho uma empregada que me possa nos primeiros dias, ou de vez enquanto, controlar se tudo está a correr bem!
3. Existem mães que encontram a solução na colocação do seu filho numa instituição como interno. Não vou dizer que fico chocada... é quase como passar essa responsabilidade para outros. Vejo como uma recusa de aceitar o problema... mas consigo respeitar, pois sei o quanto é desgastante estar com uma criança com PEA... mas mais uma vez fica aqui a questão... se eu quisesse tomar essa decisão... também não o poderia fazer... por acaso falaram do custo que é apresentado ao final do mês para manter uma criança numa instituição destas?
4. A primeira escola ABA em Portugal é realmente um projecto fabuloso... mas quantas e que crianças vão poder usufruir desse ensino? Que crianças vão poder frequentar essa escola? Com certeza que o responsável deste projecto, da construção desta escola quer reaver o seu investimento... portanto, mais uma vez pergunto. Quanto custará poder ter uma criança nesta escola tão inovadora e tão importante para estas crianças?

Então e onde é que estão os pais e as crianças que não têm este poder de compra... mas que os problemas e necessidades são as mesmas?

Sei que tenho de olhar para esta reportagem como mais um passo positivo pela divulgação do autismo. Mas soube a pouco... muito pouco... pois os casos que mostraram estão muito longe da realidade... se queriam falar do que existe para ajudar as crianças, até entendo, mas teria sempre que ser abordado os custos dessa ajuda! - e vi maioritariamente adultos e não crianças. Quantas crianças existem em Portugal com este diagnóstico? E os apoios? Apoios para quem não tem possibilidade de frequentar umas destas instituições!?

Chego à conclusão que o futuro destas crianças pode ser sempre melhor mas só acessível a alguns – só a quem pode pagar.

Existem tantas educadoras no desemprego, com vontade de exercer a sua profissão, com dedicação suficiente para se especializarem e fazerem muito por estas crianças – basta irem a vários fóruns e constatarem algumas.

A ciência prossegue e batalha para entender e conseguir obter uma resposta, mas é necessário pensarmos que a vida destas crianças, a sua independência, autonomia e integração na sociedade não tem preço.
Não me importaria de vender a casa, tudo o que tenho para conseguir isso para o meu filho, mas e quando não se tem nada para vender? Que alternativas restam?

É preciso olhar para toda esta questão com outros olhos, e era disso que estava à espera desta reportagem da TVI. Mostrar a realidade e das dificuldades que os pais passam para conseguir o melhor para os seus e uma verdadeira reportagem sobre o autismo...


sábado, 19 de julho de 2008

***


Sinto um vazio...
Não é uma depressão, não é uma tristeza...

É fácil dizer: "O problema está na tua cabeça! - se tentares vais conseguir sair desse estado!"

Como se eu fosse uma fraca...

Estou a perder as forças...
Estou a perder o interesse pelas minhas tarefas diárias.
Estou a perder a esperança.
... sinto-me impotente...

Acordo várias vezes à noite... sem perceber o que se passa?!
Não consigo concentrar-me... tomar decisões...
Sinto-me lenta... cansada... agitada ao mesmo tempo... e tudo é capaz de me irritar!
Quero fugir do Mundo... quero estar sózinha!

Estou cansada... perdi a minha energia...
Sinto-me uma pessoa sem valor...

Estou sem conseguir dar resposta a todos os problemas que estão a surgir: doença, familiar e trabalho...

Não é suposto estar aqui a falar de mim... mas... às vezes... sinto necessidade que me perguntem como estou...

Não quero sentir-me assim... não queria sentir esta dor... o tempo cura tudo... eu sei... mas neste momento? neste momento o tempo passa... passa... passa... mas a dor, a frustação continuam aqui...

Gostava de ser como algumas pessoas... aquelas pessoas que têm o dom de resolver todos os problemas. Deve ser um talento especial... se alguma vez tive esse talento... acho que perdi o meu.

Já passei por momentos tão dificeis... quando foi diagnosticado o problema ao João, todo o meu mundo desabou pela 2ª vez. Mas aguentei! Neste momento sinto-me tão vulnerável... não vejo a famosa luz ao fundo do túnel...

Sou pessimista... mas esta é a minha realidade!

Não quero desistir... mas está a ser muito dificil aguentar toda esta pressão a que estou sujeita!

Sinto as portas a fecharem-se.
Rio-me de desesperada.
Todas as palavras amigas são irritantes.

Só quero ficar sózinha... bem sossegada... mas não posso, porque existem pessoas que dependem de mim... e tento ser presente, mas na verdade o que desejo é estar bem longe...


Estou numa fase em que as lágrimas correm pelo rosto sem aviso prévio...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

9 yr old David Militello - 2008 America's Got Talent

"Enfrentar os obstáculos e fazer alguma coisa em relação a eles. Descobriremos que eles não têm metade da força que pensavamos que tinham." (Norman Vincent Peale)

Recebi um mail da APPDA Lisboa com um link para este filme.
Escusado será dizer que me emocionei... e mais uma vez aqui... ganhei forças e coragem para continuar. E acima da tua, reforcei a minha esperança de que tudo vai correr bem, de que tudo é possivel.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

CCPE - Centro de Actividades Culturais e Educativas

As férias chegaram.

E as preocupações onde vamos deixar os nossos meninos aumentam.
Espreitem este site - www.ccpe.com.pt

Recomendo. Não só para semanas de férias, como também têm workshops ao fim de semana.
Workshops dirigidos a adultos pais, adultos educadores, crianças ou para ambos ao mesmo tempo!

O José já foi a um... ehehheheh :o))


"O CCPE é um Centro de Actividades Culturais e Educativas para todas as idades localizado no Bairro Alto. Um projecto que visa estabelecer uma ponte relacional e de intercomunicação entre o ensino/aprendizagem e a criatividade, importando todas as competências que a arte proporciona e desenvolve no indivíduo. Pretende-se, assim, dar a conhecer ao aluno as mais valias que a arte proporciona e o modo como essas poderão influenciar produtiva e construtivamente as áreas escolares e humanas.

Nesse sentido o CCPE está dotado de um leque de serviços respeitantes a ambas as áreas - artística e escolar.

Na Área Escolar encontra: Apoio escolar - Explicações - Digitação e Revisão de Textos - Português Língua Estrangeira

Na Área Artística:
Aulas de Música - Guitarra Portuguesa - Guitarra Clássica - Guitarra Clássica - Bateria - Tablas - Canto - Formação Musical - Percussão Criativa; Aulas de Teatro - Iniciação ao Teatro - Interpretação - Movimento Cénico - Concepção de Cenários e Figurinos - Caracterização - Voz - Guionismo; Aulas de Pintura; Aulas de Dança - Ballet Clássico - Contemporâneo - Moderno - Barra no Chão - Hip Hop - Dança Criativa."

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Comunicar com sucesso

É muito importante para o João sentir que é compreendido.
A partir do momento que o conseguiu a sua frustação diminuiu, a sua sociabilização aumentou... ajudou-o a crescer!

Para muitos autistas esta é uma área muito dificil.
Seja pela distração, dificuldade de processar a informação oralmente, manter a atenção e organizar a informação que está a receber.

Esta dificuldade e/ou incapacidade de comunicação leva por vezes a comportamentos inapropriados: o bater com a cabeça, o gritar... - comportamentos que diminuem e/ou desaparecem conseguindo ultrapassar esta dificuldade.

Qualquer que seja o método escolhido, o objectivo terá de ser o possibilitar a criança conquistar independência, encorajar a iniciativa, estabelecer uma comunicação espontânea, conseguir expressar as suas vontades, necessidades, pensamentos, sentimentos em situações diferentes e com pessoas distintas.

Se conseguirmos isto antes de atingir os 6 anos, as possibilidades de desenvolver a comunicação e se tornar numa criança de "bom funcionamento" aumentam.

Existem várias formas de conseguirmos este sucesso na comunicação:
* A parte visual funciona muito bem com o João. Quem consegue prender a atenção visual do João, consegue captar a sua concentração.
* Em brincadeira, criar situações de escolha: qual é o brinquedo que mais gosta e o que não gosta.
* Encorajar a brincadeira que implique a interacção com o outro.
* Nas actividades, nas brincadeiras, com o João funciona também muito bem, inclusivé em situações de crise - a música - se juntar a música, é um sucesso!
* Não deixar tudo ao seu alcance imediato - vai encorajar a comunicação.

Não querendo substituir a fala, existem alternativas de comunicação.
Servem como complemento e facilitador de verbalização de uma forma eficaz:
* Gestos
* Comunicação com objectos e fotos
* Fotos de simbolos com palavras
*...

Nota: muitas vezes as fotos tornam-se abstratas, e por isso, no inicio, deverão ser usadas com objectos que elas representam.

Por exemplo: colar a foto de um PEC num copo e associar para pedir um copo de água.

Eu tenho várias caixas com estes Pecs, em que o João pode ir buscar sempre que quer pedir algo que não consegue exprimir ou comunicar.
Também uso para aplicar nos calendários.
As caixas estão divididas por temas: brinquedos, comidas, acções, utensilios...

O João tem um horário onde retira o cartão com a foto da actividade que vai exercer e coloca-a no local onde deve ir.
Por exemplo, retira o cartão de ir à casa de banho e coloca-o no lugar com o mesmo símbolo (no nosso caso, na porta da casa de banho).

Quando essa actividade termina, volta ao horário e vê qual é a próxima tarefa para realizar
Ao inicio faziamos esta utilização em conjunto. Neste momento é independente... e praticamente não necessita deste horário porque a rotina está a ficar interiorizada.

A verdade é que a utilização deste método traz tranquilidade para o João e ajuda na compreensão e na comunicação.


Vamos ver um exemplo dos passos para lavar os dentes:
* abrir torneira
* colocar pasta na escova de dentes
* escovar os dentes

* passar boca por água
* fechar torneira

* limpar a boca

Esta organização ajuda o João a entender o que esperamos dele e torna-o mais independente.
Podemos utilizar imenso material visual: para ensinar a fazer café (tenho de fazer este... ehehheeehhe), hora de fazer xixi, pôr a mesa para o jantar, para o almoço, etc..

Ao mesmo tempo do horário de actividades, utilizamos o horário semanal e o mensal. Que já referi que é um sucesso cá em casa!

Ajuda o João, e não só (!!!!) para se situar em que dia da semana se encontra e o que fará nesse dia e nos próximos.
Podemos tirar fotos aos locais e às pessoas
que fazem parte da vida das crianças ou associar uma imagem, para que consiga entender para onde vai.

"Hoje vamos a casa da avó" e mostro a foto da avó
ou a imagem associada à avó.


Para este método resultar é necessário existir consistência e corência: deverá ser utilizado em casa, na escola e nas actividades diárias.

Jamais esquecerei que a primeira "língua" do João foi a visual, e por isso partilho esta informação.
E toda a sua capacidade de memorização e captação de atenção continua a ser a visual, por isso continuo a utlizar este método.

Não existem limites para a utilização deste método! Apenas temos de usar a nossa criatividade!


Todos os objectivos traçados são alcançados como se fosse uma escada e subimos degrau a degrau - o João está a chegar ao topo!


terça-feira, 1 de julho de 2008

Calendários

É um sucesso cá em casa, por isso tenho de partilhar...

Podem fazer download dos vários calendários em: PartilharOmbroAmigo-PECS


Informação sobre calendários retirado do site EDIF - Projecto de Intervenção Multideficientes

Os calendários são constituídos por símbolos que estão organizados de forma sequencial e que representam actividades a realizar, auxiliando a criança com multideficiência a compreender o que vai fazer.

Os símbolos utilizados no calendário podem ser palavras, imagens ou objectos e a sua escolha depende das capacidades visuais e cognitivas da criança.

Antes de se utilizar este sistema é necessário estabelecer rotinas diárias e conhecer as capacidades comunicativas, visuais, motoras e cognitivas da criança.


Existem vários tipos de calendários:

* Calendário de antecipação
– permite à criança antecipar os eventos ou as actividades que vão acontecer a seguir.

* Calendário diário – permite à criança conhecer as actividades que vai desenvolver ao longo do dia.
* Calendário semanal – permite à criança conhecer as actividades que vai desenvolver ao longo da semana.

* Calendário mensal – permite à criança conhecer as actividades que vai desenvolver ao longo do mês.

* Agenda – permite à criança conhecer as actividades que vai desenvolver ao longo de um conjunto de meses, período ou semestre.


Sugestões relativas ao uso de calendários:

- utilizar os calendários em vários ambientes (salas de aula, ginásio, casa...);

- conversar com a criança acerca das actividades organizadas sequencialmente;

- explicar que as actividades se realizam umas a seguir às outras;

- aumentar gradualmente a quantidade de actividades expostas no calendário;

- criar oportunidades, sempre que possível, para que a criança seleccione o objecto que deverá representar a actividade;

- utilizar o calendário para explicar a razão de determinada actividade não se realizar;

- adicionar informação em relação à actividade (por exemplo: local, com quem...);

- usar o calendário para despertar a curiosidade da criança, introduzindo novos tópicos para simbolizar novas actividades;

- utilizar o calendário para fazer perguntas, comentários, pedidos, etc. acerca das actividades realizadas.