quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Petição Publica | Educação Especial

Partilho de novo o meu pedido com um esclarecimento extra para quem tenha dúvidas se devem ou não assinar a petição. É preciso PARTILHAR e ASSINAR
A lei deve ser para todos, geral e abstracta, e por isso deve contemplar medidas educativas para todos os casos.
Por isso é que estamos a pedir a alteração da lei que neste momento só prevê medidas adequadas para casos "leves" e os casos "extremos". Acresce que a pratica tem revelado que é aplicado o CEI para casos que não são "extremos" e por isso com consequências indesejáveis e desnecessárias. Por isso é que é necessário existir uma medida intermédia.
Em todas as escolas onde existem unidades de ensino especial devem existir as condições de inclusão e integração que a lei prevê. As medidas de "facilitação" da matrícula são para evitar a discriminação de alunos com NEE no acesso ao ensino, não são para fomentar a discriminação entre escolas.
Como podem perceber a intenção desta petição é para alterar a lei e melhorar as condições para a educação especial de modo a que o trabalho feito no passado, quer pelo parlamento quer pelo conselho nacional de educação, não seja perdido e não sejam novamente adiadas as medidas necessárias.
Não são ideias originais minhas nem se trata só do meu filho. Existem muitas mais crianças na mesma situação e a necessitarem destas medidas.
Sugiro que leiam atentamente a recomendação feita pelo conselho nacional de educação disponível em http://www.cnedu.pt
É claro e não escondo que sou parte interessada e é sem qualquer vergonha ou embaraço que apresento o caso do meu João como exemplo. Não vou de certeza esconder a realidade nem meter a cabeça debaixo da areia. Muito menos esconder o meu filho com vergonha dele. Tenho muito amor por ele e orgulho-me das suas conquistas porque sei das dificuldades que tem.
Vou lutar até ao fim pelo que acredito ser o melhor para o meu filho e para todos os que estão na mesma situação.

Espero que partilhem e assinem!

http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=educacaoespecial
Muito Obrigado! ♡

Petição Publica | Educação Especial

Por favor ajudem-me a divulgar esta petição. | Pedido de alteração do regime jurídico da educação especial
A melhor forma de o fazer é informar os vossos amigos que ela existe, que certamente saberão avaliar a sua pertinência e atualidade.
Todos devemos ajudar a promover o Pedido de alteração do regime jurídico da educação especial aprovado pelo Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, retificado pelo Aviso, e alterado pela Lei n.º 21/2008, de 12 de maio.
O poder da Internet está nas vossas mãos!
Assinem esta petição, pf e mostrem que apoiam esta causa. Ao agirmos juntos teremos mais força e maior facilidade em sermos ouvidos.
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=educacaoespecial
Muito Obrigado! ♡

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Exclusão | Denuncia - pf partilhem

Entre muitos e-mails trocados com a escola, reuniões de 3 horas, a lutar pelos direitos do João, e a ouvir coisas como: tem noção do mal que está a fazer ao seu filho ao obrigar a ir a frequentar as aulas e tentar concluir o 5º ano... mesmo depois do teste positivo por mérito próprio
A ultima troca de e-mails foi a gota de água, assim como deixou explicito a crueldade que a nossa sociedade tem capacidade de exercer sobre meninos como o João. Mais grave ainda quando essa própria crueldade vem da parte de uma escola que se diz inclusiva.
O meu blog nunca teve este intuito de me queixar mas sim partilhar tudo o que existe de bom e de mau na convivência com um filho autista. Mas neste momento é inevitável. Para além de ter a necessidade de escrever e deixar registado tudo aquilo que sinto, quase como uma terapia, pois sei que algumas centenas de pessoas vão ler isto, vão sentir, entender, identificar-se e partilhar, quase como que denúncia, sobre como o que se anda a fazer com as crianças do ensino especial.
Mas isto é novidade? Não, eu sei que não. Mas quando essa crueldade vem dos próprios professores, quando a exclusão é consentida e motivada pelos próprios professores, ultrapassa todos os meus limites e capacidade de compreensão, já para não falar da tolerância, sentimentos de raiva, desprezo, revolta, frustação e com um coração apertado, angustiado e uma dor tão grande que sinto que o meu coração sangra. Nem nos meus piores pesadelos, alguma vez pensei que viria a passar por isto.
Nada mais fácil do que transcrever na integra a ultima troca de e-mails com um diretor de turma, que desde o inicio do ano letivo, me pede para confiar nele, e que de tudo vai ser feito para que os erros do passado não se repitam.
E-mail enviado por mim, após as notas dos testes do João. algumas coisas têm de ser discutidas. Mesmo com um teste adaptado, ainda existe muito a fazer e a melhorar, para ir de encontro com o PEI que o João tem. Nesse sentido, após pedidos por e-mail, pedidos registados na caderneta, pela 3ª vez envio um e-mail a pedir mais uma reunião para tentarmos resolver a questão da Professora de Ensino Especial, assim como é necessário analisarmos os testes, para que se possam detetar aquilo que não vai ao encontro do PEI e de futuro melhorar e não existir a necessidade de impugnar um teste.
"Boa Tarde Prof..., reforço o pedido já efetuado anteriormente, para a possibilidade de esclarecer alguns pontos referentes aos testes realizados pelo João de história e português.
Entretanto surgiu mais uma situação que é preciso ser esclarecida, referente às aulas e materiais de EV e ET. Existe alguma falha na comunicação e é necessário esclarecer rapidamente quais são os materiais necessários para as aulas, de forma a que o João não seja prejudicado por esta situação, a qual o mesmo não está a conseguir explicar.
Aproveito para solicitar então a reunião em conjunto com a Professora de ensino Especial AP, na segunda feira, dia ..., face à indisponibilidade da Professora AP para reunião em horário compatível com os nossos trabalhos, somos forçados a fazer alguns ajustes nos nossos horários de trabalho, de forma a que rapidamente consigamos esclarecer todas as questões pendentes referente a este apoio."


Antes de partilhar a resposta que tive a este e-mail, gostaria de deixar esclarecido, que antes do João ter realizado os testes, em reunião, recebi a informação que o João era um menino calmo, educado e que , apesar das suas dificuldades, estava bem enquadrado em contexto de sala de aula.

"Boa tarde D. Sofia Paço,
Durante esta semana foi informado que o João tem almoçado no refeitório sem ter efetuado o pagamento devido. Gostaria de saber se a questão já está resolvida.
As professoras de Português, HGP e EV/ET conversaram comigo a respeito do facto de estarem a acompanhar o João durante quase a totalidade das aulas e que ao final o resultado é muito aquém das aquisições de que precisa no 5º ano de escolaridade. No contexto de sala de aula, referiram ainda que o João é frequentemente chamado à atenção por estar virado para trás a tentar falar com os colegas. As docentes já escreveram no seu caderno diário no sentido de o ajudar a iniciar o trabalho, mas depois não há continuidade. Fica sempre à espera de que façam as tarefas por ele, o que não pode estar sempre a acontecer.
Ontem, na aula de matemática da turma 5ºB, os alunos, por iniciativa própria, sentiram a necessidade de falar sobre o comportamento do João nas aulas em que está presente. Relataram-me que o João está com frequência a tentar conversar com os alunos que sentam atrás bem como com o aluno que está ao seu lado. Este aluno chorou a pedir para sair do lado do João, pois sente-se prejudicado na concentração durante as aulas. Disseram inclusivamente que o João não atende às orientações das professores e acaba por interromper o trabalho que está a ser realizado pelos outros alunos da turma. Afirmaram que as professoras dão muita atenção ao João, mas este não realiza as tarefas em conformidade.
Peço-lhe que converse a este respeito com o João. (...)"


Bom, a reunião continua por marcar.... mas o que é isto?
Inevitavelmente tive de responder, com alguma cautela, pois as emoções, sentimentos e revolta eram muitas... Querendo quase acreditar, que o professor teria aproveitado este momento, para explicar o diagnostico do João, explicar o que é inclusão, o quanto é necessário serem cooperantes e o quanto isso pode ser enriquecedor para ambas as partes.
Segue então a minha resposta, mais uma vez a insistir a necessidade de nos reunir e a minha indignação perante tal relato:

"Poderemos falar sobre todos estes assuntos, e outros que mencionei na minha mensagem anterior, na reunião que estou a tentar agendar e para a qual já referi que terei de prejudicar o meu horário de trabalho.
A situação do pagamento dos almoços do João já está resolvida. O ano passado o João era instruído para me dar a indicação sobre o saldo e por isso eu conseguia saber quando o saldo estava quase a esgotar-se. Este ano ele não tem dado essa informação portanto presumo que o João não tem recebido indicação e reforço necessário para me dar o recado de que o saldo se está a esgotar.
Quanto ao comportamento na sala de aula, na ultima reunião que tivemos abordou-se a eventual necessidade de dar medicação ao João para aumentar a concentração e concluiu-se pela sua desnecessidade, uma vez que, pelo que nos relatou do feedback que tinha dos professores, o João tinha em geral um bom comportamento. De facto, existia apenas a situação da participação da professora de ensino especial AP a qual, como lhe disse, considerava muito estranha tendo em conta a compreensão que deve existir para o diagnóstico do João e inerente comportamento "obsessivo"/compulsivo e evidente necessidade de aplicação de técnicas especificas que devem ser do conhecimento dos professores de ensino especial para além de que a participação é posterior a ter-me "queixado" do João me relatar que o deixavam sozinho ao computador a ver vídeos de jogos pouco indicados para a sua idade e para os quais está proibido de ver em casa. Aproveito para perguntar qual o encaminhamento que está a ser dado a essa participação já que formalmente não foi ainda dada oportunidade de apresentação de defesa ao João.
Nessa mesma reunião, exprimi a preocupação por o João manifestar em casa que passava os intervalos sozinho, o que significava que não se sentia integrado na turma, o que é normal face ao seu diagnóstico e inerente necessidade de mais tempo de adaptação a uma nova turma. Embora não seja o comportamento ideal e adequado, sendo natural para o diagnostico dele apresentar alheamento e incompreensão para o que é entendido como socialmente conveniente, pelo menos significa que o João está a tentar integrar-se. Entendo que essa integração não deve ser apenas da iniciativa do João e que a escola, nomeadamente os professores, se devem preocupar com este aspecto social e cívico que é benéfico não só para o João como também para os seus colegas. Evidentemente que terá de se ajustar com o adequado comportamento em sala de aula para o qual o João tem de ser orientado.
É de referir, que o que me relata em relação à socialização do João com os colegas, este é o primeiro ano que sou confrontada com esta situação, tendo havido sempre a preocupação com a sua integração, na turma, tanto a nível dos alunos, como dos respetivos pais dos mesmos.
Espero que na referida aula de matemática do 5.º B, enquanto todos se queixavam do João sem a presença dele e sem a possibilidade dele se defender, tenha efetivamente procurado sensibilizar os colegas do João para a problemática da necessidade de inclusão e integração social das pessoas com necessidades especiais (vulgarmente chamadas de deficientes). Concerteza uma boa oportunidade de transmitir o significado de "Todos diferentes, todos iguais".

Não nos podemos esquecer que o João não é um aluno mal comportado, nem pode ser tratado como tal. O João é um aluno com um diagnóstico do espectro do autismo cujo comportamento tem de ser compreendido na diferença do seu estar, do seu sentir e do seu modo de ser. Por vezes é difícil, é verdade. Mas se não formos capazes de o fazer… quem será afinal aquele que não é capaz de ser eficiente (deficiente)? Ele ou nós?
Irei então ponderar, junto com a equipa médica que acompanha o João, ministrar a medicação para aumentar a concentração e tentar diminuir a tendência que o João tem para se distrair e dispersar-se.
Como pode ler no e-mail infra, outro assunto para tratar na reunião que pretendo agendar é a minha preocupação com as disciplinas de ET e de EV porque não consigo perceber o que pretendem os professores nas comunicações que escreveram na caderneta do aluno sobre os cadernos das disciplinas e nem leram as minhas comunicações para eles. De facto existiram alguns atrasos do Joao na realização de alguns trabalhos de casa que o João está a tentar recuperar, mas em alguns casos não tenho feedback dos professores sobre se viram os trabalhos que ele realizou, se estão corretos da maneira como foram feitos ou quais as correções a realizar. O João não consegue explicar o que é pretendido. Relembro que a falta de iniciativa é também uma característica do diagnostico do João que exige que ele seja motivado e estimulado no seu acompanhamento . Aliás, a turma é reduzida para que os professores possam fazer esse acompanhamento.
Mais uma vez enuncio que o João embora seja funcional e aparentemente "normal" tem um diagnóstico de espectro de autismo que implica necessidades especiais (o acompanhamento, integração e inclusão, estimulação e motivação são apenas algumas necessidades básicas).
Por ultimo saliento que o João tem feito um esforço enorme este ano e está a adquirir hábitos e rotinas de estudo que vão trazer melhores resultados no seu aproveitamento escolar.
Este esforço não pode ser desprezado nem frustrado e todos temos de continuar a apoiar, motivar e estimular o João para que ele continue a adquirir mais conhecimentos e competências.
Aguardo a indicação da vossa disponibilidade para realizar a reunião na segunda-feira dia ..., pelas 9h30, com a Professora de ensino especial, de preferencia com a presença da coordenadora da area de ensino especial Professora C."


Gostaria de explicar, que o João teve uma participação por parte da professora de Ensino Especial, porque se recusou a fazer os trabalhos com ela, exaltado respondeu que toda a situação em que se encontrava era deles, e virou-lhe costas. A participação também incluia o facto de a professora não ter que aceitar os seus comportamenos, tais como, tirar macacos do nariz e bocejar sem colocar a mão à frente.
Bem, sem duvida que estes comportamentos têm que ser trabalhos e corrigidos, mas uma participação? Quando ele tiver uma crise, uma situação de descontrolo o que fará ela? Chama a policia?
Bem, pelos menos consegui uma resposta para a tal reunião.
Mas entretanto, foram tomadas medidas, sobre as queixas da turma sobre o João. Terão sido medidas de inclusão? Mas como poderia eu esperar um comportamento adequado, inclusivo, quando o próprio João é apresentado por este DT em reunião de pais como um menino repetente e matriculado por disciplinas?
Pelo o e-mail que tive de enviar, conseguem perceber a integração/inclusão que foi feita, por parte deste DT e restantes professores:

"...Tive conhecimento através do João que fizeram mudanças de lugares dos alunos da turma incluindo o João. Não consigo perceber porque é que o João foi o único colega da turma que ficou sozinho.
Percebi ainda que o João manifestou à professora de português que não gostava de ficar sozinho, sem sucesso já que a professora não teve em consideração essa preferência.
Concluo que estas mudanças estão relacionadas com as conversas que os alunos tinham na sala de aula. Mas não percebo porque é que o João é o único que fica sozinho mesmo depois de dizer que não gostava de ficar assim. Não acredito que em toda a turma o João seja o único que conversa nas aulas. Aliás, depois de ter conversado com o João sobre o que acontecia na sala de aula percebi que por vezes era ele que dizia para não falarem com ele na aula. Parece-me que qualquer aluno normal se sentiria tratado de forma injusta e discriminatória e neste caso o João não teve sequer oportunidade de se defender em condições de igualdade.
Não nos podemos esquecer que o João, na verdade, é efectivamente diferente. Tem um diagnóstico do espectro de autismo e por isso a situação torma-se ainda mais grave já que deveria ter sido tratada com muito mais tacto. O João ficou a sentir-se sozinho, injustiçado e discriminado, o que dificulta a sua adaptação à turma e integração social.
Os colegas do João ficam com a percepção que podem prejudicar e excluir o João com a conivência dos professores. O que pode vir atraduzir-se em situações futuras de "bulling" sobre o João. Parece-me que este resultado não é o pretendido por uma escola com uma unidade de ensino especial em que a tônica deveria ser de integração e inclusão dos alunos de ensino especial. Preocupa-me a forma como este episódio foi tratado e não concordo minimamente com a decisão de deixarem o João sozinho contra a sua vontade expressa. Ele quer integrar-se e ser igual aos outros mas não lhe estão a permitir...."


E mais uma vez, estou aqui, tal como descrevi no inicio deste post, de coração apertado, revoltada e com uma raiva que trespassa o meu coração.

A solução encontrada, foi colocar o João sózinho… isto é, tiraram os colegas de perto do João, para ele não incomodar ninguém…
 
Claro que a mensagem que passo ao João, é que é o melhor. Assim ninguém o chateia, e deixam-no estar concentrado nas aulas… e sim, admitiu que às vezes também fala… mas parece, que para os professores, o João é o único menino que fala nas aulas…
É desumano, mais do que desumano, é cruel.

Pelos vistos o professor não aproveitou o momento para fazer a inclusão… pelo contrário.
VAMOS LÁ ISOLAR O BICHO!

Hoje o João pediu-me: mãe, para a minha festa, convida o 6ºB. Sabem quem é o 6ºB? É a turma do ano passado, onde embora a nivel de professores tudo correu mal, mas a nivel de integração, foram os próprios pais que alertaram os filhos, o quanto tinham de apoiar o João e o ajudar.
Sim, será o que vou fazer. Vou enviar aos pais da turma do ano passado, com o devido enquadramento, convidar os seus amigos de referência para a festa dele.

Desculpem este testamento… mas estava a precisar de escrever… de partilhar e até pedir para vocês mesmo partilharem, quase como denuncia, sobre o que uma classe de professores é capaz de fazer com uma criança sinalizada com PEI e tem os pais que se recusam a sinaliza-lo com um CEI.
Se já tinha todas a convição de que o João não é um menino CEI, com este teste, mais certezas eu fiquei. Mas se leram com atenção, mesmo com esta positiva, os professores dizem que o João não tem capacidade de adquirir conhecimentos de 5º ano.
Eu só posso concluir que o grande problema do João é que se não é ensinado, não consegue aprender!
Que chatice. É autista, mas não é daqueles autistas como nos filmes, que aprendem a ler sozinhos aos 3 anos... que chatice, é daqueles que é preciso ensinar!

Não sei se entendem o que sinto, como me sinto... e não, a solução não passa por tirá-lo da escola… não é o João que tem de mudar… a solução é processá-los e obriga-los a cumprir a lei e o que é de bom senso, como professores que são, alguém lhes dizer que exclusão é crime! … e eles deviam saber isso! Tudo isto porque não aceito um CEI …
A capacidade de dormir e a capacidade de concentração é cada menor!

Não é falta de forças, mas sinto-me cansada… sempre a lutar e cada vez a luta tem que ser maior… por um lado querem que o coloque com um CEI, por outro lado querem que se comporte como um menino normal. Não é um consensual!
Mas na verdade, FELIZMENTE ele está a comportar-se como um menino normal! Querem que eu acredite que o João é o único menino que fala na aula? Tudo o que pode melhorar de um lado, piora do outro.
Por dentro é demasiado doloroso… desesperante…
Como já escrevi; nem nos meus piores pesadelos eu alguma vez senti esta dor e desespero de impotência. De lutar com tanta ignorância, com tanta estupidez, com tanta descriminação… por parte de quem deveria ser o seu porto de abrigo. Não falo da sociedade, falo de uma escola que se diz inclusiva!
Não consigo esconder, não consigo deixar de expor esta sensação, este mal estar… esta tristeza. Tento, tento desviar o pensamento para outras coisas, mas… não consigo… não consigo pensar que o meu filho, está sózinha na escola por sua conta. Aquele que mais precisa de estabilidade, de um ponto de referência, de um porto seguro, de uma zona de conforto, de alguém em quem confiar…. E numa escola que se diz inclusiva… ele está sózinho porque não se enquadra nos padrões que eles, já não estou a falar da sociedade, que definiram!
Calma… tenho de ter calma!

É tão fácil dizer que tenho de o mudar de escola, é tão fácil dizer que tenho de ter calma, é tão fácil dizer que sou forte, é tão fácil… é tão fácil, mas depois vejo pessoas à minha volta revoltadas porque os seus filhos não ficaram na escola que os pais elegem como a melhor para os seus filhos, que a escola é uma porcaria porque colocaram aos seus filhos numa turma com os piores alunos, por a escola onde os seus filhos foram colocados não é a que está no ranking das melhores escolas, porque os seus filhos tiveram uma dor de barriga e tiveram de ficar em casa, merdas e futilidades, que não são de facto problemas, são dias que correm menos bem, apenas isso!
Mas são os primeiros a apontarem-me o dedo porque não o mudo de escola, questionam-me como consigo deixar o meu fiho na escola e ir trabalhar...

Não vou desistir… não sei se vão entender o que vou escrever:
- Sinto o meu coração a sangrar…

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Bold ir italic | nunca regular

Não me vão vergar nem vou deixar-me vencer.
Sinto-me exausta, mas não vencida.

sábado, 3 de outubro de 2015

Crise ou birra?

Filme

Lembro-me como se fosse ontem. Deitada no chão, sobre o meu filho, antes de sair de casa para a escola, no hall da nossa casa, com toda a calma, protegendo-me e protegendo-o de si próprio, e o irmão, encostado na parede, em silêncio e olhar aterrorizado... Imagens que nunca sairão da minha cabeça, mas uma realidade que com a medicação acertada, paciência, apoio e acompanhamento saíram da realidade das nossas vidas. 

Novo ano letivo'15 | parte I

Há 2 dias atrás começaria por escrever, estou tão revoltada, só tenho vontade de chorar.
Hoje posso afirmar, garanto que este ano não vou baixar os braços. 
Esta é a frase que tanto tenho usado nas reuniões: Não me vão vencer pelo cansaço. 
Mais ou menos histerica, com a saia a rodar mais ou menos, nos saltos altos ou com o chinelo de dedo, não quero saber, vou levar esta luta até ao fim, da forma que conseguir e tiver que ser. 

Não vou permitir mais desculpas. O ministério não nos dá recursos, o ministério isto, o governo aquilo. Chega de usar esta desculpa para a justificação do fracasso, do insucesso, da incapacidade, incompetência e acima de tudo, o conformismo perante a situação para justificar a não aplicação dos direitos de uma criança NEE incluída numa escola de ensino regular com uma unidade de ensino estruturado. 

Depois de uma luta de 3 anos, a pedir recursos, condições e aplicação dos direitos, com um pedido de transferência de escola para ensino especial (pedido com uma dor enorme, a pior decisão que tinha que tomar na vida referente ao futuro do João), por incapacidade de resposta da escola às necessidades do João, conseguimos um apoio de 7 horas/semanais. 4 horas de apoio com professora de história e português, tal como está previsto na lei, e as restantes pela unidade de ensino estruturado. Em contrapartida para não passarem uma declaração de "incompetência" perante as respostas necessárias para o João. Passar uma declaração destas, com uma unidade de ensino estruturado aberta há 3 anos numa escola, assumir esse falhanço perante a DREL seria grave, já para não falar do que podem estar a colocar em causa referente a €€€, que é o que fala sempre mais alto. 

Chego ao primeiro dia de escola, pela primeira vez temos uma professora de ensino especial colocada no início das aulas. Mas as boas vindas foram dadas com uma frase: o João é um privilegiado, com estas horas de apoio!
Isto porque já não acredito nas promessas e já estou de pé atrás com tudo o que dizem, já comecei a exigir que quero ver referido no seu horário essas 7 horas de apoio individual. 
As promessas logo no primeiro dia começaram a ser quebradas quando tomo conhecimento que afinal as professoras das disciplinas que frequenta não têm disponibilidade horária pra dar o apoio individual ao João e que será a professora de ensino especial a garantir esse apoio. Pergunto, com 3 crianças NEE, em que duas delas, sem qualquer diagnóstico de autismo, com diagnósticos de NEE muito profundos e pouco autónomos, que estão a frequentar a unidade vão ficar à sua responsabilidade, como vai conseguir assumir essas 7 horas de apoio? Já vi este "filme" o ano passado! Não conseguem porque as 2 crianças nem à casa de banho sozinhas vão... Ou ainda estão a adquirir essa independência.... E voltamos ao mesmo. 
Descriminação na sala de aula porque não consegue acompanhar os colegas da sala de aula e os professores, apesar da turma reduzida, por frequência de uma criança NEE na turma, insistem que têm de avançar com a matéria, e o João, com falta de concentração e alienado, não consegue acompanhar! ... Quanto a esta observação de alienado, conotação dada por alguns professores, não quero comentar para já... Começaria aqui a insultar pessoas e não é o objetivo deste post...

Perante esta situação de já estarem a faltar com um apoio que tinha ficado decidido em reunião com direcção do agrupamento, em Junho deste ano, em vez de ouvir uma professora de ensino especial a dizer, temos poucos recursos, mas vamos continuar a lutar e a tentar todos os direitos que estas crianças devem ter nas suas escolas e unidades, tenho de ouvir que tenho de me dar por contente, pois é privilegiado!

Estou tão zangada! Zangada pelo que tive de dizer e por aquilo que ficou por dizer. Teremos uma reunião com toda a equipa, que será o lugar indicado para discutirmos este tema.  

Claro que jamais teremos uma reunião pacífica... Eu já não vou na defensiva, já não vou numa de ouvir, eu estou mesmo numa de atacar… pois já não aguento mais, sempre a mesma conversa, este ano vai ser diferente. Claro que este concelho não não tem culpa, pois é a primeira vez que estão com o João, mas a verdade, é que é isto todos os anos... É demasiado desgastante! Em vez de acharem que é o que têm e queixarem-se que o ministério não dá mais recursos, que façam barulho, em vez de estarem a pedir aos pais para o fazerem no lugar deles. Porque é isso que estão a pedir-me. Peçam recursos para nós, para nós podermos dar o que vocês querem aos vossos filhos!

E se eu for à escola também para virem ao meu trabalho pedir mais tolerância para eu faltar ao trabalho e poder andar em cima deles ou eventualmente fazer o trabalho deles, ou simplesmente poder ir às reuniões nas horas que marcam, que é sempre na nossa hora de trabalho…

Não sou eu que tenho de ir ao ministerio. São eles que têm de usar as nossas reclamações e fazer pressão superiormente…

Chega de desculpas para não fazerem o que têm de fazer. Criar condições para o João completar o preparatório, de acordo com as suas competências e capacidades. E não venham com a merda do CEI, porque ele não é nem CEI nem ensino normal. Temos um menino na zona cinzenta e com a legislação que temos não estão a saber lidar com ele. Temos pena, não existe o intermédio, desenrasquem-se. É o que faço no meu trabalho quando não tenho as condições que desejaria para realizar o meu trabalho com as condições ideais. 

Não é um capricho, mais do que um direito, é o futuro do João.

Novos ano letivo'15




Amanhã uma nova etapa!  mais um ano... Novos amigos, novos professores, nova professora ensino especial, começar tudo de novo. Mas sei que será mais um ano de luta com muitas conquistas. És um lutador vencedor!

Irmãos

- É teu irmão?
O J. responde orgulhosamente:
- Sim, é meu irmão!
- mas não é parecido contigo... 
- Então não é? Temos os dois cabelo curto! 

... e não é que é verdade? 

Escola de Ensino Especial | Decisão

Ser o pior entre um grupo normal ou o melhor no grupo de iguais a ele?
Fica para pensar... fica a questão no ar... Não sei algum dia saberei qual é a resposta correta, ou se tomarei a decisão acertada...

Aniversário | 12 anos

15 março 2003 | Há 12 anos
Há 12 anos nascia um príncipe que faria o meu coração bater de alegria e de indecisão. 
Não sabia se conseguiria estar altura do novo desafio. 
Mas depois de o ver, o meu coração disse-me para colocar todas as dúvidas de lado porque este bebe faria-me ainda mais feliz!
Tive medo de não amar da mesma maneira que amava o irmão José Maria, afinal o amor que eu sentia por ele era imenso! Achava que não dava para amar outra pessoa daquela maneira! Não cabia tanto amor no meu coração.
O que eu não sabia era que o coração de mãe cresce, aumenta de tamanho, de espaço e de largura. E no lugar onde cabia um, agora cabiam dois - e posteriormente caberiam 3.
Sim, ao ver aquele rostinho, todo o amor que eu sentia em mim, multiplicou-se e jamais saberia dizer qual dos dois amava mais, pois embora tivesse acabado de o conhecer, o meu coração já o amava tanto. 
Sempre muito feliz porque ele estava ali, a minha "amostra de gente" que corria por todo o lado, com as suas perninhas gordinhas e abraçava-me ao seu jeito.
Hoje a minha "amostra de gente" cresceu! Para dizer a verdade, mais alto que eu!  mas continua a fazer-me muito feliz, todos os dias, de uma maneira muito especial, que só como ele sabe fazer. Carinhoso, meiguinho, atencioso e amoroso. Mas apesar de já ser maior que eu, abraça-me, beija-me e senta-se ao meu colo, exatamente como na altura em que só era uma "amostra de gente".
Poderia passar horas e horas a escrever que jamais conseguiria expressar a grandeza do meu amor.
Há 12 anos nascia o meu menino por quem eu me apaixonaria. Há 12 anos eu sorria e chorava ao mesmo tempo porque a felicidade não cabia em mim.
Há 12 anos eu tornei-me mãe de um menino lindo!
Fui presenteada com um menino lindo, atencioso, carinhoso, amoroso, enfim, um anjo na minha vida! 
João Maria, hoje no teu dia de aniversario, quero dizer que sou imensamente feliz por ser tua mãe. Não há nada neste mundo que eu ame mais de ser ou fazer do que ser mãe dos meus meninos!
Foi um dia cheio de alegrias, felicidade e emocionante.
Desejo que continues a conquistar muitas coisas e que sejas muito muito feliz!
Amo-te muito mais que o mundo, mais que a vida, mais que tudo! 
Obrigada a todos pela presença e carinho que tornaram este dia muito especial. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Educação | Recado na caderneta do Aluno


Escrevo este post 4 dias depois de receber esta mensagem na caderneta do aluno do J. para conseguir escrever com alguma contenção nas minhas palavras e emoções.
Deixou-me preocupada e indignada. Foi o que respondi, mas na verdade o que queria escrever era REVOLTADA!
Não é novidade que o J. tem dificuldades de aprendizagem derivadas ao seu diagnóstico e por isso tem um PEI !
Não posso aceitar a resignação a "o J. não consegue" pois isso implica que ele nunca aprenderá.
Não posso aceitar que a escola desista da sua função que é ensinar.

Noutra fase da vida do J. já houve quem dissesse que ele poderia nunca vir a falar. Hoje fala "pelos cotovelos".

Na verdade, desta mensagem fiquei sem saber afinal qual é a matéria que irão lecionar no próximo mês, que o mesmo não conseguirá "compreender, nem acompanhar (nem imitar)? Imitar? Imitar? ???
 

Ainda estou incrédula com o que leio.

Parece-me que a informação sobre a matéria que vai ser dada é essencial para eu poder colaborar em delinear estratégias para o bem do processo educativo do João.
Mas claro, isso não parece relevante.

Com 3 filhos tem sido difícil gerir toda a logística que implica para poder estar presente em todos os momentos importantes na vida de cada um, mas em relação ao J. tenho sido incansável na procura de respostas, soluções e estratégias para ajudar, acompanhar e apoiar todas as pessoas que trabalham com ele.
Tenho reunido com a diretora de turma, com a professora de ensino especial e estou sempre disponível para reunir com qualquer professor para o efeito.
Não será de pensar que se a estratégia de um aluno tutor não está a funcionar, não teremos de delinear outra?
Claro que é mais fácil procurar culpados para a nossa frustração ou incompetência. É mais fácil concluir, sem ainda se ter começado, que o J. não consegue. Eu vejo as coisas de outra forma. Não é o J. que não consegue, se calhar é a professora que não consegue, não sabe... Pronto, aqui estou eu a deixar-me levar pelas emoções... Mas de facto é difícil.

Não consigo aceitar este tipo de atitude e comportamento por parte de um professor!
Estamos a falar da disciplina de Educação visual. É assim tão difícil adaptar o programa para uma criança com um PEI?
Se uma professora de matemática consegue motivar um menino como o J. que mesmo com a existência do programa, a resistência que os alunos têm, com a pressão dos exames... Vou deixar a história da professora de matemática para partilhar mais tarde. Sim, porque felizmente ainda existem professores com vocação para aquilo que fazem e que olham para estas crianças como desafios para serem ultrapassados, tal como estas crianças têm os seus todos os dias.

Leio e releio esta mensagem e tento perceber qual é a conclusão que devo tirar.
Tento perceber qual o intuito deste recado...
É só para meu conhecimento? - Em momento algum li a intenção de se reunir comigo para procurarmos uma estratégia nova. Ou até mesmo um pedido de "ajuda" para a dificuldade que está a ter em trabalhar com o J.
É suposto ler esta mensagem e apenas assinar que tomei conhecimento?
 

Bom, quanto ao caderno é um assunto bastante mais fácil de resolver!
Tratasse de um esquecimento no primeiro dia de aulas do 2º período depois das ferias do Natal que será corrigido e ultrapassado.