Hoje posso afirmar, garanto que este ano não vou baixar os braços.
Esta é a frase que tanto tenho usado nas reuniões: Não me vão vencer pelo cansaço.
Mais ou menos histerica, com a saia a rodar mais ou menos, nos saltos altos ou com o chinelo de dedo, não quero saber, vou levar esta luta até ao fim, da forma que conseguir e tiver que ser.
Não vou permitir mais desculpas. O ministério não nos dá recursos, o ministério isto, o governo aquilo. Chega de usar esta desculpa para a justificação do fracasso, do insucesso, da incapacidade, incompetência e acima de tudo, o conformismo perante a situação para justificar a não aplicação dos direitos de uma criança NEE incluída numa escola de ensino regular com uma unidade de ensino estruturado.
Depois de uma luta de 3 anos, a pedir recursos, condições e aplicação dos direitos, com um pedido de transferência de escola para ensino especial (pedido com uma dor enorme, a pior decisão que tinha que tomar na vida referente ao futuro do João), por incapacidade de resposta da escola às necessidades do João, conseguimos um apoio de 7 horas/
Chego ao primeiro dia de escola, pela primeira vez temos uma professora de ensino especial colocada no início das aulas. Mas as boas vindas foram dadas com uma frase: o João é um privilegiado, com estas horas de apoio!
Isto porque já não acredito nas promessas e já estou de pé atrás com tudo o que dizem, já comecei a exigir que quero ver referido no seu horário essas 7 horas de apoio individual.
As promessas logo no primeiro dia começaram a ser quebradas quando tomo conhecimento que afinal as professoras das disciplinas que frequenta não têm disponibilidade
Descriminação na sala de aula porque não consegue acompanhar os colegas da sala de aula e os professores, apesar da turma reduzida, por frequência de uma criança NEE na turma, insistem que têm de avançar com a matéria, e o João, com falta de concentração e alienado, não consegue acompanhar! ... Quanto a esta observação de alienado, conotação dada por alguns professores, não quero comentar para já... Começaria aqui a insultar pessoas e não é o objetivo deste post...
Perante esta situação de já estarem a faltar com um apoio que tinha ficado decidido em reunião com direcção do agrupamento, em Junho deste ano, em vez de ouvir uma professora de ensino especial a dizer, temos poucos recursos, mas vamos continuar a lutar e a tentar todos os direitos que estas crianças devem ter nas suas escolas e unidades, tenho de ouvir que tenho de me dar por contente, pois é privilegiado!
Estou tão zangada! Zangada pelo que tive de dizer e por aquilo que ficou por dizer. Teremos uma reunião com toda a equipa, que será o lugar indicado para discutirmos este tema.
Claro que jamais teremos uma reunião pacífica... Eu já não vou na defensiva, já não vou numa de ouvir, eu estou mesmo numa de atacar… pois já não aguento mais, sempre a mesma conversa, este ano vai ser diferente. Claro que este concelho não não tem culpa, pois é a primeira vez que estão com o João, mas a verdade, é que é isto todos os anos... É demasiado desgastante! Em vez de acharem que é o que têm e queixarem-se que o ministério não dá mais recursos, que façam barulho, em vez de estarem a pedir aos pais para o fazerem no lugar deles. Porque é isso que estão a pedir-me. Peçam recursos para nós, para nós podermos dar o que vocês querem aos vossos filhos!
E se eu for à escola também para virem ao meu trabalho pedir mais tolerância para eu faltar ao trabalho e poder andar em cima deles ou eventualmente fazer o trabalho deles, ou simplesmente poder ir às reuniões nas horas que marcam, que é sempre na nossa hora de trabalho…
Não sou eu que tenho de ir ao ministerio. São eles que têm de usar as nossas reclamações e fazer pressão superiormente…
Chega de desculpas para não fazerem o que têm de fazer. Criar condições para o João completar o preparatório, de acordo com as suas competências e capacidades. E não venham com a merda do CEI, porque ele não é nem CEI nem ensino normal. Temos um menino na zona cinzenta e com a legislação que temos não estão a saber lidar com ele. Temos pena, não existe o intermédio, desenrasquem-se
Não é um capricho, mais do que um direito, é o futuro do João.
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