"A educação e o ensino são as mais poderosas
armas que podes usar para mudar o mundo." - Nelson Mandela - África do
Sul 1918/2013
Todos os anos, o início do ano letivo é penoso, doloroso e difícil. Este ano foi ainda mais, pois com a mudança de escola, de turma e de ciclo, essa adaptação foi ainda mais difícil.
Todas as mudanças são difíceis, mas este ano foi especialmente penoso: - começou por as boas vindas na unidade ter sido: oh João! Não deverias estar aqui! - a turma onde foi inserido estava junta de um ano anterior, mas não existiu o cuidado de ser apresentado à turma.
- eu, mãe, tive de tomar a iniciativa de ensinar o J. a comprar as suas
senhas de almoço, pois no início não foi muito bem recebido pela
unidade, tal como já referi anteriormente, devido a divergências entre
mim (mãe) e a professora de ensino especial, que não teve capacidade de
separar as "águas". - no início foi difícil para o J. gerir o seu
horário escolar. Era uma realidade escolar nova e para o qual não estava
preparado. Conciliar as várias disciplinas, várias salas, novos espaços
e sem qualquer atenção para o ajudar, o que o levou a faltar a algumas
disciplinas e não existiu qualquer preocupação por parte desta unidade. - o trabalho desenvolvido na unidade não ia ao encontro com as aulas a que ia assistir.
- insistência de perguntar ao J. se tomava a medicação ritalina, mas
depois o trabalho executado na unidade era a data de nascimento!? E
coloco a questão: qual a necessidade de passar a responsabilidade que
deve tomar a medicação e pior, associar o seu mau comportamento à
ausência deste medicamento. O J. chegou a afirmar que não conseguia
portar-se bem, porque precisava de medicação! Não é assim que pretendo
que o J. cresça! A medicação é para a concentração e não para o bom
comportamento ou domesticar uma criança. A instabilidade está instalada!
Foi um ano letivo difícil e a constatar o aumento de obsessões e comportamentos agressivos. - bater numa colega que o fez perder um jogo - a frustração das notas dos testes - não permitir que lhe mexessem na mochila - partir um vidro na escola - recusar trabalho
E em casa... - partiu um computador - antes de se deitar as cadeiras têm de estar alinhadas - os comandos de televisão igualmente arrumados - os sapatos juntos e alinhados - insistência de não mudar a rotina do caminho escola/casa - insistência nos termos corretos: - não são persianas - são estores! - não é atalho - é corta mato!
E agora chega o final do ano letivo. Com altos e baixos o J. é
confrontado mais uma vez com uma mudança na sua rotina, nos seus
hábitos, na sua adaptação.
Estando matriculado por disciplinas, o conceito de chumbo do ano não se aplica na realidade escolar do J. Mas tendo ele consciência que tem negativas, concluiu que chumbou o
ano. Mas a pior notícia que pude dar ao J. foi que no próximo ano já não
será nem 5ºA, nem o 6ºA. Portanto teria de voltar a adaptar-se a novos
amigos, a novos professores, a novas disciplinas e a novo horário.
O choro foi inevitável, a instabilidade e tristeza instala-se de novo na nossa relação e no nosso dia-a-dia.
Tomou consciência das consequências desta mudança! Então iria deixar de
ter educação física? Consegui tranquiliza-lo, pois a atitude na escola
foi muito positiva nesta situação e foi decidido que embora já tenha
tido a nota positiva em educação física, iria continuar a poder
frequentar, não sendo neste caso avaliado.
Entretanto chega a nossa consulta de desenvolvimento.
Foi uma consulta emotiva. Muitas vezes tive de fazer uma pausa, para
conseguir continuar... inevitavelmente aslgumas lágrimas caíra, e a voz
tremeu.
Tento que o J. seja participativo nas suas consultas. Pedi para ele contar as novidades: - Mãe, começa tu!
No meio do discurso pedi-lhe para falar sobre o que sentia em relação à nova turma: - Estou muito triste. Agora que já estava a habituar-me aos novos amigos...
Fez-se um pausa... fez-se um silêncio doloroso...
Como mãe, tem sido doloroso para mim constatar este novo quadro.
É tempo de parar. É tempo de parar para pensar em novas estratégias... e
ganhar força para mais uma vez iluminar esta esta estrada em que a luz
começou a fraquejar...
Mas da consulta concluímos que a medicação não é readaptada há muito tempo. Mas o crescimento do J. não parou. Neste momento o J. entrou em desmame da medicação.
Chegou de novo o momento de ponderar os prós e contras de retirar ou não a medicação...
Isto é o que temos sem medicação. Um J. instável, agressivo e em sofrimento.
O cenário ideal seria não ser necessário tomar a medicação, mas com
este quadro... Tenho de admitir que não podemos suspender a medicação.
Assim vamos começar uma nova etapa!
- lidar com a entrada do J. na adolescência - ajuste na medicação - risperidona - um novo PEI - novas estratégias - e continuarmos a ser felizes!
Agora vamos de férias, mas vamos continuar por aqui!