Aparentemente, os autistas são saudáveis, são bonitos, fisicamente são perfeitos e à primeira vista são confundidos com pessoas “normais”!
Eles nem são tão complicados quanto parecem e dizem ser!
Mas nós, familiares e profissionais que estamos à volta deles observamos e estamos atentos a todos os seus passos, conseguimos compreender o que eles nos querem mostrar ou nos querem dizer.
De uma forma geral, precisam apenas de conviver num espaço organizado e estruturado, que favoreça a previsibilidade do seu dia.
É necessário respeitar o seu ritmo e compreender as suas necessidades.
Para os autistas é difícil compreender o sentido das coisas. Entram em crise e são agressivos, não é porque gostam de ser assim, ou porque nos querem castigar.
Estou com este discurso todo, porque há muito tempo que o João não tinha uma crise. Muito tempo mesmo! Será algo que jamais se apagará da minha memória, mas... eu sei que, embora serão menos frequentes, é natural que por vezes não consiga evitar... e a culpa não é minha!... mas porque não consegui eu ler os primeiros sinais de que algo não estava bem?
Tudo começou numa festa de aniversário com meninos de cara pintada! Sem lhes ver o rosto, só pedia assustado:
- Quero ir embora!
Achei que era passageiro. Achei que devia insistir em fazê-lo enfrentar essa ansiedade.
Quando fomos embora, fomos jantar fora, um programa que adoram – fast food :o) – o João não quis comer nada e estava ansioso, inquieto, rabugento, implicativo, agressivo... mas achei que era o cansaço... um dia menos bom...??!!
Passamos entretanto num hipermercado – a última volta para irmos para casa – comprar iogurtes.
Insistiu que queria um camião enorme e caro. Tentei explicar que só podia comprar um mais pequeno e mais barato. Esse ficaria para o Natal. Explicação essa, que actualmente tem resultado, e ele aceita muito bem. Mas o dia realmente não era bom. Começou por uma birra, até que passamos para um ponto irreversível... uma crise.
Já nem estávamos perto do camião. Já nem era o camião!
A crise estava instalada... foi o descontrolo total:
- auto agressivo, mas mais agressividade contra mim, gritos, berros e frases fora de contexto... até que por fim desatou a vomitar.
Começou a ficar cansado e a crise foi desaparecendo.
Não se falou mais no assunto.
...e claro, as pessoas a olharem... não sei se já são os meus “complexos de perseguição”, mas senti aqueles olhares... "se fosse meu filho...", "que birra, que malcriado!"...
Apenas numa situação disse:
- Será que não existe ninguém que peça alguém responsável para ir buscar papel para nos limparmos? Ou estão à espera que eu limpe o que está sujo no chão?
Lá veio um senhor atencioso da loja, informar que já tinha chamado uma senhora da limpeza e nos trouxe papel para limpar o que era possível.
Sei que não devo, mas como mãe é impossível não me sentir culpada... como não consegui ler os sinais de que as coisas não estavam bem?
Concluindo, não podemos esquecer que os autistas são acima de tudo, crianças, adolescentes ou adultos e devemos proporcionar-lhes diversão e tarefas compatíveis com cada fase, espaço e tempo.
Os autistas têm dificuldades em entender o sentido de muitas coisas, que para nós são básicas! Dificuldade em sem entender o sentido das coisas, as intenções das pessoas, bem como existe dificuldade em entender coisas complexas ou abstractas!
Eles só querem que os aceitemos como eles são. Não querer mudá-los, aceitar como são, porque na verdade, aquilo que nos podem dar é muito... serem nossos amigos e sermos felizes.
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Eles nem são tão complicados quanto parecem e dizem ser!
Mas nós, familiares e profissionais que estamos à volta deles observamos e estamos atentos a todos os seus passos, conseguimos compreender o que eles nos querem mostrar ou nos querem dizer.
De uma forma geral, precisam apenas de conviver num espaço organizado e estruturado, que favoreça a previsibilidade do seu dia.
É necessário respeitar o seu ritmo e compreender as suas necessidades.
Para os autistas é difícil compreender o sentido das coisas. Entram em crise e são agressivos, não é porque gostam de ser assim, ou porque nos querem castigar.
NÓS É QUE TEMOS DE ENTENDER E RESPEITAR O SEU ESPAÇO, O SEU TEMPO E AS SUAS LIMITAÇÕES!
Estou com este discurso todo, porque há muito tempo que o João não tinha uma crise. Muito tempo mesmo! Será algo que jamais se apagará da minha memória, mas... eu sei que, embora serão menos frequentes, é natural que por vezes não consiga evitar... e a culpa não é minha!... mas porque não consegui eu ler os primeiros sinais de que algo não estava bem?
Tudo começou numa festa de aniversário com meninos de cara pintada! Sem lhes ver o rosto, só pedia assustado:
- Quero ir embora!
Achei que era passageiro. Achei que devia insistir em fazê-lo enfrentar essa ansiedade.
Quando fomos embora, fomos jantar fora, um programa que adoram – fast food :o) – o João não quis comer nada e estava ansioso, inquieto, rabugento, implicativo, agressivo... mas achei que era o cansaço... um dia menos bom...??!!
Passamos entretanto num hipermercado – a última volta para irmos para casa – comprar iogurtes.
Insistiu que queria um camião enorme e caro. Tentei explicar que só podia comprar um mais pequeno e mais barato. Esse ficaria para o Natal. Explicação essa, que actualmente tem resultado, e ele aceita muito bem. Mas o dia realmente não era bom. Começou por uma birra, até que passamos para um ponto irreversível... uma crise.
Já nem estávamos perto do camião. Já nem era o camião!
A crise estava instalada... foi o descontrolo total:
- auto agressivo, mas mais agressividade contra mim, gritos, berros e frases fora de contexto... até que por fim desatou a vomitar.
Começou a ficar cansado e a crise foi desaparecendo.
Não se falou mais no assunto.
...e claro, as pessoas a olharem... não sei se já são os meus “complexos de perseguição”, mas senti aqueles olhares... "se fosse meu filho...", "que birra, que malcriado!"...
Apenas numa situação disse:
- Será que não existe ninguém que peça alguém responsável para ir buscar papel para nos limparmos? Ou estão à espera que eu limpe o que está sujo no chão?
Lá veio um senhor atencioso da loja, informar que já tinha chamado uma senhora da limpeza e nos trouxe papel para limpar o que era possível.
Sei que não devo, mas como mãe é impossível não me sentir culpada... como não consegui ler os sinais de que as coisas não estavam bem?
Concluindo, não podemos esquecer que os autistas são acima de tudo, crianças, adolescentes ou adultos e devemos proporcionar-lhes diversão e tarefas compatíveis com cada fase, espaço e tempo.
Os autistas têm dificuldades em entender o sentido de muitas coisas, que para nós são básicas! Dificuldade em sem entender o sentido das coisas, as intenções das pessoas, bem como existe dificuldade em entender coisas complexas ou abstractas!
Eles só querem que os aceitemos como eles são. Não querer mudá-los, aceitar como são, porque na verdade, aquilo que nos podem dar é muito... serem nossos amigos e sermos felizes.
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6 comentários:
Olá, olá
Já uma vez aqui escrevi que as pessoas não estão sensibilizadas para aceitar a diferença é muito mais fácil criticar, dizer que é mal educado, pensar que se fosse meu filho não fazia aquela birra do que perguntar se precisa de ajuda.
Em relação aos sinais supostamente ignorados. Não concordo que os tenhas ignorado, nós, seres humanos, temos, felizmente, a enorme capacidade de esquecer as coisas e os momentos menos bons, assim, após ultrapassarmos um obstáculo, por muito duro e dificil que tenha sido, não pensamos mais nele e dedicamos-nos a usufruir e a tirar prazer do que é bom.
Porquê pensar que em vez de um dia menos bom, o João ia ter uma crise. Por acaso aconteceu e se não tivesse acontecido?
Tinha sido privado de um dia na companhia de amigos, de brincadeiras...
Não podes, deixar que o medo "mas pode acontecer" te impeça de levar o João para todos os sitios que aches importante.
Claro que corres o risco, claro que não gostas que olhem para ti e em especial para o João mas, e depois? Essas pessoas não te dizem nada, não as conheces de lado nenhum e assim vão continuar, seres humanos incógnitos...
Muitos beijinhos e continua...
Olá Sofia
Ainda há pouquinho tinha estado aqui a ler o outro post e agora que vi este não posso deixar de comentar.
Sofia eles não conseguem ler os rostos, as expressões, logo se as crianças estão pintadas sejam crianças palhaços ou fantasias de Carnaval é de se ter imenso cuidado, poucos são os casos que conheço de meninos autistas/aspergers que não se assustam ou ficam perturbados perante as mesmas.
É informação a mais. Aqui o que falhou Sofia foi o não saber tal como me aconteceu a mim com o Bruno num Carnaval, ele dizia que estava com medo e eu pensei que era apenas pelas mascaras e disse-lhe que eram os colegas que estavam por trás das mesmas. Não o queria deixar na escola mas a Prof. dele era muito má comigo e com ele e lá o deixei. Quando o fui buscar ele tinha entrado em pânico (sei isso há pouco) ela apenas me disse que ele berrara como um bebé e que o pusera de castigo lá fora. Bem, claro que eu não gostei e passei a fazer-lhe a vontade, quando ele tinha medo de algo eu tentava que ele convivesse com o medo mas sem o forçar demasiado e é isso que a Sofia terá de fazer se quer evitar crises. Podem criticar dizendo que os afastamos depois da vida real que temos mas há que esperar que eles cresçam e compreendam melhor este sentimento que os assusta.
Eu também passei por isso da crise n supermercado e sim, não tinha dado atenção aos sinais que o precedem embora estivesse a ver o nervosismo todo a acumular pensei sempre que ele aguentaria um pouco mais ate sair do hipermercado. Pois não...foram pacotes de comida pelo ar tudo que estava pela frente dele, só porque um miúdo lhe foi agarrar no casaco dele, tocou-lhe e ele não suporta que lhe toquem então a crise contida até ali...explodiu de uma forma violenta. Todos queriam ajudar, mas não sabendo como agir, tentavam tocar-lhe para o levantar e ele estrebuchava mais ainda...foi terrível aquela crise!
Com o tempo a Sofia vai aprender a ler esses sinais todos como eu fui aprendendo com o Bruno e veja os textos que eu for editando do bruno pois neles estão contidos muitos dos sentimentos que me passavam ao lado e que estavam lá à espreita e eu não via. Só agora os vejo ou há bem pouco tempo.
Desejando uma noite tranquila deixo os meus abracinhos e beijinhos.
Querida Sofia,
Há muitas crianças, ditas normais, com medo de máscaras, palhaços, Pai Natal e afins... Bom, o meu tem um diagnóstico de SA e não medo de máscaras, inclusivamente gosta de experimentá-las, mesmo as mais horrendas como as que estão agora à venda para o Halloween. E de máscara enfiada ainda se põe a gesticular e a emitir sons como um verdadeiro "monstrinho". Aqui há dias saiu de um aniversário muito satisfeito com um pequeno morcego pintado na cara.
Querida, eu já não ligo a mínima aos olhares. O meu filho tem 6 anos e está bastante alto, mas como se cansa facilmente a caminhar ainda faz uso da cadeirinha de turista (lol), especialmente nas férias. As pessoas que vão passando por nós fazem aquelas caras de reprovação, algumas até mandam vir, dizendo que ele já está um homem para ser empurrado. É fazer de conta que falamos outra lingua, e bola prá frente. ;)
Beijinhos.
Mamã Sofia
Não me parece que tenhas ignorado, mas nem sempre estamos tão alerta e perspicazes. Por vezes o cansaço ou estar preocupado com outra coisa podem ser suficientes para deixar passar um ou outro sinal.
Quanto ao que pensam os outros...
quem diz que não liga nada, nem sempre diz completamente a verdade, porém há casos que temos mesmo de ignorar e seguir em frente. Criticar é muito fácil , mas já ter atitudes positivas (como por exemplo ajudar-te) custa um pouco mais. Deixa passar alguns dias, voltar à rotina e tranquilidade e vais ver que tudo se encaixará novamente.
Um beijo e força.
Elas já expressaram tudo o que eu também poderia dizer...
idem aspas, amigas!
Muita força, Mamã Sofia!
Há dias e dias.
Este foi mau, mas outros virão que superarão tudo isto, possivelmente haverá ainda uma ou outra situação que voltarás a "esquecer-te" ou tentarás "esticar a corda", mas acho que isso também faz parte do crescimento: do teu, como Mãe e do dele.
Eu sei que o faço constantemente com o meu JoãoM. Não só em termos de desenvolvimento motor, mas tb em termos de capacidade pulmonar. Arrisco. Se não o fizesse, provavelmente passaria cerca de 80% ou 90% do nosso tempo no hospital.
Nesta perspectiva de escolha, opto sempre por viver aquilo que conseguimos... sempre com muita luta!
Mas também comprendo a problemática envolvente no autismo: a exigência do meio estruturado e organizado para eles e o que isso pode significar para um núcleo familiar.
Abraço forte
Mamã Sofia, mãe tem muitos dons mas nem sempre pode prevêr as situações que ás vezes são tão inesperadas. E tbm sem testar-mos não saberemos as reacções... Temos de os preparar para vida, respeitando as suas fragilidades mas mostra-lhe o resto, para que eles possam escolher...
Bjocas
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